Funções literárias de nomes de personagem no romance O filho de mil homens
DOI:
https://doi.org/10.14393/Lex-v9a2023/24-14Palavras-chave:
Antroponomástica literária, Literatura portuguesa, Nomes de personagem, Nomes de pessoaResumo
O objetivo deste artigo é apresentar uma proposta de conceituação, definição e exemplificação de funções literárias que os nomes próprios de pessoas podem adquirir em contextos ficcionais prosaicos. Para tanto, a fundamentação teórica utilizada está baseada numa síntese das propostas teóricas de Dvořáková (2018), Gybka (2018) e Amaral e Seide (2020) que evidenciam 10 funções diferentes para este tipo de antropônimo. Parte-se do pressuposto de que os nomes próprios de pessoas, na ficção literária, se tornam nomes de personagens não apenas em virtude do seu contexto de uso, mas, principalmente, graças à sua função, isto é, dentro da lógica simbólica e ficcional da obra em que se encontram. Nesse artigo, são analisadas as funções literárias dos nomes dos nomes próprios de pessoa no romance O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe publicado em 2012. A análise dos nomes das personagens da obra evidencia quase todas as funções previstas pelos teóricos que embasaram este estudo, com exceção dos usos que fazem transgressões às normas linguísticas. Por se tratar de uma área interdisciplinar, a Onomástica Literária enriquece a análise das personagens, desvendando camadas ocultas de significado na obra, espera-se que este artigo possa inspirar outros estudiosos a investigarem as funções literárias dos nomes próprios de pessoa em diferentes contextos ficcionais.
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