Antropônimos em nomes populares de leis

um diálogo entre Linguística e Direito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/Lex-v8a2022/23-4

Palavras-chave:

Onomástica, Antropônimo, Nome popular de lei

Resumo

Este trabalho apresenta uma análise de nomes populares de leis formados a partir de antropônimos. Esses nomes, também chamados de apelidos de legislação, são denominações recebidas em função da matéria, do autor da proposição ou de outro aspecto. A análise considera os procedimentos técnicos da redação legislativa e tem como base teórica os estudos da Onomástica, especialmente da Sócio-Onomástica, que, em linhas gerais, interessa-se pelo estudo da relação entre a atribuição de nomes próprios e fatores sociais. A amostra de dados está composta por 21 nomes populares, tais como Lei Aldir Blanc, Lei Darcy Ribeiro, Lei Maria da Penha etc. Na análise, são considerados tanto o conteúdo das normas e das proposições que lhes deram origem, quanto fatores como motivação, constituição interna dos nomes populares e relação destes com o nome de registro civil do portador. Também se discute a frequência dos nomes populares de leis no léxico do português. Os resultados demonstram que existe uma boa diversidade do teor das normas que recebem nomes populares (educação, desporto, tributação etc.), com destaque para normas penais, além de uma diversidade de motivações que dão origem aos nomes populares (autoria da proposição, homenagens diversas, nomes de vítimas de crimes etc.). Os resultados permitem ainda postular uma tendência no século XXI de criação de nomes de leis a partir de nomes de pessoas que ganham destaque nos meios de comunicação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduardo Tadeu Roque Amaral, UFMG

Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel em Direito, Licenciado em Língua Portuguesa e em Língua Espanhola pela UFMG, mestre em Estudos Linguísticos pela mesma instituição e doutor em Letras pela USP.

José Ferreira Filho, UFMG

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Referências

AINIALA, T. Names in Society. In: HOUGH, C. (ed.). The Oxford Handbook of Names and Naming. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 371-381. DOI https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780199656431.013.27

AINIALA, T.; ÖSTMAN, J. Introduction. In: AINIALA, T.; ÖSTMAN, J. (ed.). Socio-Onomastics: The Pragmatics of Names. Amsterdam: John Benjamins, 2017. p. 2-18. DOI https://doi.org/10.1075/pbns.275

AMARAL, E. T. R. Contribuições para uma tipologia de antropônimos do português brasileiro. Alfa Revista de Linguística, São Paulo, v. 55, n. 2, p. 63-82, 2011. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4168. Acesso em: 30 mar. 2023.

AMARAL, E. T. R.; SEIDE, M. S. Nomes próprios de pessoa: introdução à antroponímia brasileira. São Paulo: Blucher, 2020. Disponível em: https://www.blucher.com.br/nomes-proprios-de-pessoa-introducao-a-antroponimia-brasileira_9786555500011. Acesso em: 30 mar. 2023. DOI https://doi.org/10.5151/9786555500011

BAJO PÉREZ, E. La caracterización morfosintáctica del nombre propio. La Coruña: Toxosoutos, 2002.

BAJO PÉREZ, E. El nombre propio en español. Madrid: Arco Libros, 2008.

BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos e dá outras providências. Brasília, DF, Presidência da República, 1973. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015original.htm. Acesso em: 22 set. 2022.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Manual de padronização de textos do STJ. 2. ed. Brasília: Superior Tribunal de Justiça, 2016. Disponível em: https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Manual/article/view/129/102. Acesso em: 10 mar. 2023.

BRASIL. Decreto nº 9.191, de 1º de novembro de 2017. Estabelece as normas e as diretrizes para elaboração, redação, alteração, consolidação e encaminhamento de propostas de atos normativos ao Presidente da República pelos Ministros de Estado. Brasília, DF, Presidência da República, 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9191.htm. Acesso em: 1 fev. 2023.

BRASIL. Lei 14.245, de 22 de novembro de 2021. Altera os Decretos-Leis n os 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais), para coibir a prática de atos atentatórios à dignidade da vítima e de testemunhas e para estabelecer causa de aumento de pena no crime de coação no curso do processo (Lei Mariana Ferrer). Brasília, DF: Diário Oficial da União, ed. 219, seção 1, p. 1, 23 nov. 2021. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=515&pagina=1&data=23/11/2021. Acesso em: 6 jan. 2023.

BRASIL. Manual de redação da Presidência da República. 3. ed. rev., atual. e ampl. Brasília: Presidência da República, 2018. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso em: 24 jul. 2022.

BRASIL. Senado Federal. Manual de pesquisa do portal LexML. Brasília: Senado Federal, 2013. Disponível em: https://www.lexml.gov.br/. Acesso em: 25 jul. 2022.

DAVIES, M. Corpus do Português: NOW (2012-2019), 2016. Disponível em: https://www.corpusdoportugues.org/now/. Acesso em: 12 out. 2022.

FERNÁNDEZ LEBORANS, M. J. El nombre propio. In: BOSQUE MUÑOZ, I.; DEMONTE BARRETO, V. (dir.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 1999. vol. 1: sintaxis básica de las clases de palabras. p. 77-128.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. São Paulo: FBSP, 2022. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2022/06/anuario-2022.pdf?v=15. Acesso em: 10 mar. 2023.

GOMES, C. A. A.; GOMES, C. M.; GOMES, C. M. S. Soleis. Disponível em: http://www.soleis.adv.br. 2000. Acesso em: 26 set. 2022.

HALUM, C. Projeto de lei n. 2.237, de 7 de julho de 2015. Altera o artigo 212, criando o parágrafo único, do Decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940 – Código Penal – Lei Cristiano Araújo. Brasília, DF, 2015. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1554077. Acesso em: 2 fev. 2023.

MATA, L. Projeto de Lei n. 5.096, de 5 de novembro de 2020. Altera o Decreto – Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal - para dispor sobre a audiência de instrução e julgamento nos casos de crimes contra a dignidade sexual. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2265028. Acesso em: 6 jan. 2023.

McCLURE, P. Nicknames and petnames. Linguistic forms and social contexts. Nomina, v. 5, p. 63-76, 1981.

NÜBLING, D.; FAHLBUSCH, F.; HEUSER, R. Namen: eine Einführung in die Onomastik. Tübingen: Narr Francke Attempto, 2015.

PORTUGAL, A. Emenda de redação ao PL 5096/2020. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1976880&filename=ERD+2+%3D%3E+PL+5096/2020. Acesso em: 6 jan. 2023.

RECKZIEGEL VENSON, A. P. Maria da Penha: um estudo antroponímico do nome próprio da mulher que virou Lei. Onomástica desde América Latina, [S. l.], v. 3, n. 5, p. 166–184, 2021. DOI https://doi.org/10.48075/odal.v3i5.27625

SOUSA, A. M. Leis em (com) nomes de vítimas: a ampliação do Estado polícia e a produção de subjetividades na contemporaneidade. Estudos & pesquisas em Psicologia, v. 7, n. 3, [s. p.], 2017. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/37696/26551. Acesso em: 29 dez. 2022. DOI https://doi.org/10.12957/epp.2017.37696

VAN LANGENDONCK, W. Theory and typology of proper names. Berlin: Walter de Gruyter, 2007. DOI https://doi.org/10.1515/9783110197853

Downloads

Publicado

07-04-2023

Como Citar

AMARAL, E. T. R.; FERREIRA FILHO, J. Antropônimos em nomes populares de leis: um diálogo entre Linguística e Direito. Revista GTLex, Uberlândia, v. 8, p. e0804, 2023. DOI: 10.14393/Lex-v8a2022/23-4. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/GTLex/article/view/68180. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos