Monitoramento DETER em Áreas de Vegetação Não-Florestal na Amazônia Brasileira
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Resumo
Neste estudo apresentamos os primeiros resultados do projeto piloto da aplicação do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Quase Real (DETER), inicialmente criado para o monitoramento de ecossistemas florestais (DETER Amazônia), recentemente estendido para monitorar uma área de ~280 mil km² de vegetação natural não florestal (NF) na Amazônia brasileira. O sistema emite dois tipos de alertas: 1) alertas de supressão de NF, classificados em três categorias (supressão com solo exposto, supressão com área cultivada e supressão por mineração) e 2) cicatrizes de queimadas; com base em uma metodologia adaptada para esse tipo de vegetação a partir do DETER Amazônia e imagens de baixa resolução espacial (64 m), porém de alta resolução temporal (dois ou três dias para avaliar todo o bioma). O período do projeto piloto foi de agosto de 2022 a julho de 2023, com uma área total de alertas de supressão de 575,22 km², predominantemente composta pela classe de supressão de NF com solo exposto, e 8.036,99 km² de área de cicatrizes de queimadas. A maioria dos alertas de supressão de NF ocorreu nos estados de Roraima, Mato Grosso, Rondônia e Pará. Além desses, Amazonas e Amapá também se destacaram entre os estados com maior área de alertas para cicatrizes de queimadas. As savanas foram as fitofisionomias não florestais mais afetadas, com 5.037 km² (6,5%) de sua área atingida por supressão e fogo. A análise comparativa com outros sistemas de monitoramento na Amazônia demonstrou a eficácia do DETER NF para monitorar áreas não florestais no bioma.
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