CONTRIBUIÇÕES DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A ABORDAGEM DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Autores

  • Lidiane Aparecida Alves PMU

DOI:

https://doi.org/10.14393/OT2018vXX.n.1.32-41

Palavras-chave:

Educação, Formação Docente, Prática Docente

Resumo

Para romper com visões estereotipadas sobre a Ãfrica, os africanos, e os afrodescendentes, além do desconhecimento de uma grande parte da população brasileira sobre sua ancestralidade, bem como para contribuir com o rompimento da perpetuação das desigualdades e preconceitos que historicamente atingiu a população indígena e afrodescendente brasileira, os avanços legais são imprescindíveis. Neste sentido, ressalta-se a contribuição das Políticas de Ações Afirmativas para as Populações Negras, onde se insere a lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino o dia 20 de novembro como 'Dia Nacional da Consciência Negra' e a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e a lei nº 11.645, de 10 março de 2008, que acrescenta à História e Cultura Afro-Brasileira a Indígena. Entretanto, não bastam os instrumentos legais, é preciso que as leis peguem e, sobretudo que sejam bem aplicadas. Assim, são vários os desafios para se trabalhar a temática "História e Cultura AfroBrasileira e Indígena", dentre os quais destaca-se a falta de formação e/ou orientação teórica sobre o assunto por parte de muitos professores, não somente de História, mas também de outras disciplinas, como a Geografia, que não é mencionada na legislação, mas que igualmente tem um grande papel para o entendimento e a mudança da sociedade. No nível da educação básica, nomeadamente no ensino fundamental II, ressalta-se a pertinência de que os conteúdos inerentes à "História e Cultura AfroBrasileira e Indígena" sejam trabalhados pelas diferentes áreas do conhecimento, abordando a cultura (as danças, as músicas, os ritmos, festas e as cores alegres e vibrantes com que os africanos se vestem e se pintam etc) em suas várias perspectivas, considerando suas variações, as influências e transformações que sofreram. Além disso, também devem ser abordados temas pouco explorados como as religiões africanas, assim como deve-se avançar para além dos aspectos culturais e considerar questões como a participação dos negros na pesquisa, ciência e tecnologia. Diante do exposto, e considerando a vivência em sala de aula do ensino fundamental II, o presente relato aborda as dificuldades para a implementação das leis 10.639/2003 e 11.645/2004, sobretudo considerando a necessidade do desenvolvimento de trabalhos, pelo menos, interdisciplinares. Ressalta-se que no âmbito da disciplina Geografia, sobretudo considerando os conteúdos trabalhados nos sétimos anos, nomeadamente no que concerne a formação da população busca-se tratar da "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena". Neste sentido, ressalta-se a busca pelo conhecimento das origens, isto é, da ancestralidade africana, tanto nos aspectos genéticos como culturais, além disso, aborda-se a forma de desenvolvimento excludente, que explica as atuais desigualdades étnicas e socioeconômicas presente tanto na Ãfrica como no Brasil.

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Referências

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Publicado

2018-04-28

Como Citar

ALVES, L. A. CONTRIBUIÇÕES DA GEOGRAFIA ESCOLAR PARA A ABORDAGEM DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NO ENSINO FUNDAMENTAL II. Olhares & Trilhas, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 32–41, 2018. DOI: 10.14393/OT2018vXX.n.1.32-41. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/olharesetrilhas/article/view/41935. Acesso em: 22 jul. 2024.

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