COMO AS CRIANÇAS APRENDEM? UMA REFLEXÃO ACERCA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA INCLUSIVA
DOI:
https://doi.org/10.14393/OT2018vXX.n.1.99-110Palavras-chave:
Educação, Formação Docente, Prática DocenteResumo
Há muito a alfabetização tem sido alvo de debates, estudos e investimentos. A lei 12.796/13, em seu artigo 4°, determina que a idade obrigatória de início da educação básica é aos 4 anos de idade; antes era aos 6. Um dos objetivos dessa mudança é atender a meta de alfabetizar todas as crianças até o final do 2º ano do ensino fundamental. Dessa forma, os docentes tem priorizado as atividades de registro com planejamentos exaustivos em detrimento do lúdico. A cobrança por resultados pressiona os professores; I Seminário Regional de Educação Básica: Ensino - Pesquisa -Políticas Públicas Colégio de Aplicação da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia Endereço: Adutora São Pedro, 40 - Campus Educação Física - Bairro Aparecida Uberlândia - Minas Gerais 36 concomitante é o sofrimento dos alunos que necessitam do espaço livre para brincar, não só por diversão, mas para o desenvolvimento de inúmeras funções motoras e psíquicas. O aluno Gabriel dos Santos Oliveira, de 5 anos, é aluno da Escola Municipal de Educação Infantil, 1° período. Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é acompanhado no Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER). Na escola a criança não se comunica verbalmente, participa de algumas atividades (sua vontade é respeitada) e permanece parte do tempo fora da sala de aula. "Apesar" de não realizar todas as tarefas e não se atentar às explicações das professoras, Gabriel é o único aluno da escola que escreve o seu nome completo, o nome de alguns colegas e outras palavras que significativas. Em conversa com a mãe soubemos que ele fala algumas palavras e lê textos conforme seu interesse. A mesma relatou que aos 2 anos ele já sabia todo o alfabeto sem que qualquer pessoa lhe ensinasse. Em nenhuma das instituições frequentadas pelo menino há preocupação com a alfabetização; o objetivo primário é auxiliá-lo em suas dificuldades de socialização, comunicação e desenvolvimento da autonomia. O menino é para nós o exemplo de que não é necessário sacrificar a infância; as crianças aprendem "apesar" dos professores, como descreve Jacques Rancière (2015): "Não há homem sobre a Terra que não tenha aprendido alguma coisa por si mesmo e sem mestre explicador" (p.35). É preciso que os "mestres explicadores" tenham consciência da importância da brincadeira, que reconheçam nesta a gama de conhecimentos que são primordiais para o desenvolvimento das crianças; que valorizem as interações sociais, as leituras de mundo, enfim, as diferentes formas de aprendizagens e que, assim, não sobrecarreguem seus alunos transformando o ensino em uma atividade desgastante. Como Gabriel, acreditamos que todas as crianças trazem inata a aptidão para aprender, só precisam ser respeitadas e valorizadas em sua essência.Downloads
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