A formação de vínculos sociais na comunicação virtual

Qual a contribuição da teoria da polidez e da expressão de postura?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv17a2023-3

Palavras-chave:

Comunicação fática, Ciberpragmática, Polidez, Tomada de postura

Resumo

Na Ciberpragmática, ramo da Pragmática que analisa as interações no ambiente digital, o uso da linguagem fática é considerado proeminente. Por estar relacionada à conectividade e à formação de laços sociais, a cultura fática incita em seus usuários a necessidade constante de validação do outro como interlocutor, bem como de aprovação social. Partindo desse arcabouço teórico, este estudo tem como objetivo investigar como / se a formação de efeitos fáticos está associada à tomada de atitude e ao reconhecimento dos princípios de polidez. Para investigar isso, analisamos as interações ocorridas em um fórum de formação profissional, desenvolvido em um curso de formação de professores, oferecido por uma Universidade Federal do Brasil. Em nossos dados, os atos de fala identificados revelaram a preocupação dos participantes do fórum em fortalecer a adesão ao grupo e em serem reconhecidos como falantes competentes. A análise dos dados também sugeriu que os participantes atendiam às expectativas do comportamento verbal exigido pela situação comunicativa, que, no caso dos fóruns, estava associada à retificação do interlocutor e ao enriquecimento do contato social. Além disso, do ponto de vista fático, a complexidade da interação digital revelou que a cultura fática pode transcender a troca de comunicação afetiva e/ou insubstancial para se tornar uma característica inerente ao ambiente digital.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Ana Larissa Adorno Marciotto Oliveira, UFMG

Faculdade de Letras, UFMG. Bolsista de Produtividade do CNPq (processo 309492/2020-3).

Gustavo Ximenes Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Faculdade de Letras, UFMG. Bolsista de Produtividade do CNPq (processo 304244/2019-8).

Referências

ANDRADE, P. V. S. Tutela da honra nas redes sociais: a contribuição possível da teoria da impolidez. 2019. 225 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.

BROWN, P.; LEVINSON, S. Politeness: Some universals in language usage. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. DOI https://doi.org/10.1017/CBO9780511813085

CULPEPER, J. Politeness and impoliteness. In: AIJMER, K.; ANDERSEN, G. (ed.). Handbooks of pragmatics: sociopragmatics. Berlin: Mouton de Gruyter, 2011. p. 391-436.

CULPEPER, J.; BOUSFIELD, D.; WICHMANN, A. Impoliteness revisited: the special reference to dynamic and prosodic aspects. Journal of Pragmatics, v. 35, n. 10-11, p.1545-1579, 2003. DOI https://doi.org/10.1016/S0378-2166(02)00118-2

CUNHA, G. X.; TOMAZI. M. M. O uso agressivo da linguagem em uma audiência: uma abordagem discursiva e interacionista para o estudo da im/polidez. Calidoscópio, v. 17, n. 2, p. 297-319, 2019. DOI https://doi.org/10.4013/cld.2019.172.05

CUNHA, G. X.; OLIVEIRA, A. L. A. M. Teorias de im/polidez linguística: revisitando o estado da arte para uma contribuição teórica sobre o tema. Estudos da Língua(gem), v. 18, n. 2, p. 135-162, 2020.DOI https://doi.org/10.22481/el.v18i2.6409

DUBOIS, J. W. The stance triangle. In: ENGLEBRETSON, R. (ed.). Stancetaking in discourse: Subjectivity, evaluation, interaction. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2007. p. 139-182.DOI https://doi.org/10.1075/pbns.164.07du

ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

ENGLEBRETSON, R. (ed.). Stancetaking in discourse: Subjectivity, evaluation, interaction. Amsterdã: John Benjamins Publishing Company, 2007. DOI https://doi.org/10.1075/pbns.164

EVANS, A. Stance and identity in Twitter hashtags. Language@ internet, v. 13, n. 1, p. 47-63, 2016.

GARFINKEL, H. Studies in Ethnomethodoly. London: Routledge Press, 1967.

GOFFMAN, E. On face-work: an analysis of ritual elements in social interaction. In: GOFFMAN, E. Interaction ritual: essays on face-to-face behavior. New York, Pantheon Books. 1967[1955]. p. 5-45. DOI https://doi.org/10.4324/9780203788387-2

GOFFMAN, E. La mise em scène de la vie quotidienne: les relations em public. v. 2. Paris: Les Éditions de Minuit, 1973.

GOFFMAN, E. Footing. In: GOFFMAN, E. Forms of talk. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1981. p. 124-159.

GRAINGER, K. “We’re not in a club now”: a neo-Brown and Levinson approach to analyzing courtroom data. Journal of Politeness Research, v. 14, n. 1, p. 19-38, 2018. DOI https://doi.org/10.1515/pr-2017-0039

HALLIDAY, M.; MATTHIESSEN, C. Halliday's introduction to functional grammar. London: Routledge, 2013. DOI https://doi.org/10.4324/9780203431269

HAUGH, M. Im/politeness, social practice and the participation order. Journal of Pragmatics, v. 58, p. 52-72, 2013. DOI https://doi.org/10.1016/j.pragma.2013.07.003

HOLMES, J. Paying compliments: A sex-preferential politeness strategy. Journal of Pragmatics, v. 12, p. 445–465. 1988. DOI https://doi.org/10.1016/0378-2166(88)90005-7

JAKOBSON, R. Linguistics and poetics. In: JAKOBSON, R. Style in language. MA: MIT Press, 1960. p. 350-377.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Les interactions verbales. Paris: Colin, 1992.

LANDONE, E. Discourse markers and politeness in a digital forum in Spanish. Journal of Pragmatics, v. 44, n. 13, p. 1799-1820, 2020. DOI https://doi.org/10.1016/j.pragma.2012.09.001

LEECH, G. N. The pragmatics of politeness. Oxford: Oxford University Press. 2014. DOI https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195341386.001.0001

LOCHER, M. A.; WATTS, R. J. Relational work and impoliteness: Negotiating norms of linguistic behaviour. Berlin: Mouton de Gruyter, 2008.

LOSA, S.; FILLIETTAZ, L. Negotiating Social Legitimacy in and across Contexts: Apprenticeship in a 'Dual' Training System. In: ANGOURI, J.; MARRA, M.; HOLMES, J. (ed.). Negotiating Boundaries at Work: Talking and Transitions. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2017. p. 109-129. DOI https://doi.org/10.1515/9781474403146-008

LYONS, W. E.; THOMPSON, A.; TIMMONS, V. We are inclusive. We are a team. Let's just do it’: commitment, collective efficacy, and agency in four inclusive schools. International Journal of Inclusive Education, v. 20, n. 8, p. 889-907, 2016. DOI https://doi.org/10.1080/13603116.2015.1122841

MALINOWSKI, B. Psycho-analysis and anthropology. Nature, v. 112, p. 650-651, 1923. DOI https://doi.org/10.1038/112650a0

MILLER, V. New media, networking and phatic culture. Convergence, v. 14, n. 4, 387-400, 2008. DOI https://doi.org/10.1177/1354856508094659

OLIVEIRA, A. L. A. M.; CARNEIRO, M. A pragmatic view of hashtags: the case of impoliteness and offensive verbal behavior in the Brazilian Twitter. Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 42, n. 1, p. 1-13, 2020. DOI https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v42i1.50500

OLIVEIRA, A. L. A. M.; CUNHA, G. X.; AVELAR, F. T. Emojis como Estratégias de Reparo em Pedidos de Desculpas: um estudo sobre conversas em ambiente digital. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 57, n. 3, p. 1615-1635, 2018. DOI https://doi.org/10.1590/010318138653341440311

ORIHUELA, J. L. Internet: la hora de las redes sociales. Nueva Revista, v. 119, p. 57–62, 2008.

ORSINI-JONES, M.; LEE, F. Intercultural Communicative Competence for Global Citizenship: Identifying cyberpragmatic rules of engagement in telecollaboration. London: Springer, 2018. DOI https://doi.org/10.1057/978-1-137-58103-7

PLACENCIA, M. E.; LOWE A.; POWELL, H. Complimenting behaviour on Facebook: Responding to compliments in American English. Pragmatics and Society, v. 7, n. 3, p. 339-365, 2016. DOI https://doi.org/10.1075/ps.7.3.01pla

SPERBER, D.; WILSON, D. Relevance: communication and cognition. Oxford, Cambridge: Blackwell, 2002.

SPENCER-OATEY, H. Theories of identity and the analysis of face. Journal of Pragmatics, v. 39, p. 639—656, 2007. DOI https://doi.org/10.1016/j.pragma.2006.12.004

TALWAR, V.; WILLIAMS, S. M.; RENAUD, S. J.; ARRUDA, C.; SAYKALY, C. Children’s evaluations of tattles, confessions, prosocial and antisocial lies. International Review of Pragmatics, v. 8, n. 2, p. 334-352, 2016. DOI https://doi.org/10.1163/18773109-00802007

TRIBUS, A. C. The communicative functions of language: an exploration of Roman Jakobson’s theory in TESOL. 2017. 212 f. Dissertação (Metrado) - SIT Graduate Institute, Brattleboro, 2017.

VETERE, F.; SMITH, J.; GIBBS, M. Phatic interactions: Being aware and feeling connected. In: SMITH, J.; GIBBS, M. (ed.). Awareness systems. London: Springer, 2009. p. 173-186. DOI https://doi.org/10.1007/978-1-84882-477-5_7

YUS, F. Cyberpragmatics: Internet-mediated communication in context. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2011. DOI https://doi.org/10.1075/pbns.213

YUS, F. An outline of some future research issues for internet pragmatics. Internet Pragmatics, v. 2, n. 1, p. 1-33, 2019. DOI https://doi.org/10.1075/ip.00018.yus

Downloads

Publicado

02.01.2023

Como Citar

OLIVEIRA, A. L. A. M.; CUNHA, G. X. A formação de vínculos sociais na comunicação virtual: Qual a contribuição da teoria da polidez e da expressão de postura?. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 17, p. e1703, 2023. DOI: 10.14393/DLv17a2023-3. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/65257. Acesso em: 22 jul. 2024.