Elementos para uma abordagem das dimensões esquemática e emergente do discurso

Autores

  • Gustavo Ximenes Cunha Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL30-v11n3a2017-11

Palavras-chave:

Gêneros do discurso, Contexto, Tipos de discurso, Sequências discursivas

Resumo

Este artigo apresenta apontamentos para uma abordagem que situe, em um quadro teórico unificado, as noções de gêneros do discurso, contexto, tipos de discurso e sequências discursivas. Adotando uma perspectiva sócio interacionista dos estudos da linguagem e buscando contribuições do Modelo de Análise Modular do Discurso, partimos da hipótese de que, ao longo de uma interação, duas ordens de restrições regulam a maneira como os interactantes elaboram suas produções discursivas. A primeira é de ordem esquemática e diz respeito às expectativas de natureza sócio-histórica que nos fazem saber como agir por meio da linguagem. A segunda ordem de restrições é emergente e corresponde aos parâmetros contextuais que exercem papel sobre as ações linguageiras de fato realizadas. Tomando como base empírica de nossa exposição o tipo narrativo do gênero reportagem e a forma como esse tipo se manifesta em uma sequência narrativa específica, buscamos mostrar que, no curso de uma interação, as dimensões esquemática e emergente do discurso são constante e dinamicamente confrontadas pelos interactantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gustavo Ximenes Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutor em Linguística pela UFMG e Professor da Faculdade de Letras da UFMG e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (POSLIN) da UFMG.

Referências

ADAM, J. M. Les textes: types et prototypes. Paris: Nathan, 1992.

ADAM, J. M. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. São Paulo: Cortez, 2008.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 261-306.

BURGER, M. Identités de status, identités de role. Cahiers de linguistique française, Genebra, v. 21, p. 35-59, 1999.

BURGER, M. La gestion des activités: pratiques sociales, roles interactionnels et actes de discours. Cahiers de linguistique française, Genebra, v. 26, p. 177-196, 2004.

CHARAUDEAU, P. Visadas discursivas, gêneros situacionais e construção textual. In: MACHADO, I. L.; MELLO, R. (orgs.) Gêneros: reflexões em Análise do Discurso. Belo Horizonte: Núcleo de Análise do Discurso/Faculdade de Letras/UFMG, 2004, p. 13-41.

CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006.

CUNHA, G. X. A construção da narrativa em reportagens. 2013. 601 f. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.

CUNHA, G. X. Para uma abordagem sócio-histórica da relação entre as noções de gênero do discurso e de tipo do discurso. Gragoatá, Rio de Janeiro, v. 20, p. 29-51, 2015.

FILLIETTAZ, L. Une approche modulaire de l’hétérogénéité compositionnelle du discours: Le cas des récits oraux. Cahiers de linguistique française, Genebra, v. 21, p. 261-327, 1999.

FILLIETTAZ, L. Actions, activités et discours. 2000. 403 f. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade de Genebra, Genebra, 2000.

FILLIETTAZ, L. Textualisation et cadrage des activités: une analyse praxéologique des interactions de service. In: MARI, H. et al. Análise do discurso em perspectivas. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2003, 179-213.

FILLIETTAZ, L. La place du contexte dans une approche praxéologique Du discours. Le cas de l’argumentation dans les interactions scolaires. Pratiques, Metz, n.129, p.71-88, 2006.

FILLIETTAZ, L. Des loups, des élèves et des arguments. Une enseignante de français prise au piège de la fable. In: C. RONVEAUX (org.) Lire la fable, du texte littéraire à l’argumentation: points de vue didactique, littéraire et praxéologique sur un objet récalcitrant. (no prelo). Disponível em: < http://www.unige.ch/fapse/interaction-formation/publications/filliettaz.html>. Acesso: 10/04/2016.

GOFFMAN, E. La mise em scène de la vie quotidienne: les relations em public. v. 2. Paris: Les éditions de minuit, 1973.

GOFFMAN, E. Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis: Vozes, 2011.

GOFFMAN, E. Os quadros da experiência social: uma perspectiva de análise. Petrópolis: Vozes, 2012[1986].

GROSSE, E. U. Evolution et typologie des genres journalistiques: essai d’une vue d’ensemble. Semen, n. 13, p. 01-20, 2001.

HERNANDES, N. A mídia e seus truques: o que jornal, revista, TV, rádio e internet fazem para captar e manter a atenção do público. São Paulo: Contexto, 2006.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Les interactions verbales. v. 1. Paris: Colin, 1992.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Análise da conversação: princípios e métodos. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. Língua, linguística e literatura, João Pessoa, n. 1, p. 09-40, 2003.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MARINHO, J. H. C. Uma abordagem modular e interacionista da organização do discurso. Revista da Anpoll, São Paulo, v.16, p. 75-100, 2004. https://doi.org/10.18309/anp.v1i16.551

MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (Org.) Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

PESSOA, M. B. O gênero notícia no Brasil: notas para uma história. In: RAMOS, J. M.; ALKMIM, M. A. (orgs.) Para a história do português brasileiro: estudos sobre mudança linguística e história social. v. 5. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2007, p. 545-578.

ROULET, E. La description de l’organisation du discours. Du dialogue au texte. Paris: Didier, 1999.

ROULET, E.; FILLIETTAZ, L.; GROBET, A. Un modèle et un instrument d'analyse de l'organisation du discours. Berne: Lang, 2001.

SIMUNIC, Z. Une approche modulaire des stratégies discursives du jornalisme politique. 350 f. 2004. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade de Genebra, Genebra, 2004.

Van DIJK, T. Estruturas da notícia na imprensa. In: Van DIJK, T. Cognição, discurso e interação. São Paulo: Contexto, 1992, p. 122-156.

VION, R. La communication verbale: analyse des interactions. Paris: Hachette, 1992.

WOLTON, D. Pensar a comunicação. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004.

Downloads

Publicado

05.07.2017

Como Citar

CUNHA, G. X. Elementos para uma abordagem das dimensões esquemática e emergente do discurso. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 11, n. 3, p. 687–707, 2017. DOI: 10.14393/DL30-v11n3a2017-11. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/37191. Acesso em: 5 nov. 2024.