O que aprendemos com Alice

Considerações sobre a leitura de literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v35n1a2019-4

Palavras-chave:

Literatura e aprendizado, Estudos cognitivos, Alice no país das maravilhas, Lewis Carroll

Resumo

O presente artigo trata de como a leitura de literatura de ficção pode constituir uma experiência de aprendizado para o leitor – um aprendizado que nem é instrucional, nem deve ser confundido com autoajuda. Parte-se da hipótese de que, no contato com a “arte verbal” (LOPES, 2012, p. 1), o leitor pode expandir a mente (SPOLSKY, 2015a), adquirir novos conhecimentos (GREEN, 2010) e aprender sobre emoções (KÜMMERLING-MEIBAUER, 2012; NIKOLAJEVA, 2014; SUIHKONEN, 2016). Baseia-se, principalmente, nos recentes estudos cognitivos da literatura, que abordam o texto literário de ficção do ponto de vista dos processos mentais que podem se desdobrar a partir de sua leitura. Para ilustrar esses possíveis processos de aprendizado, são examinados teoricamente trechos dos contos Aventuras de Alice no país das maravilhas e Através do espelho e o que Alice encontrou lá, de Lewis Carroll, em tradução de Sebastião Uchoa Leite (1980).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cynthia Beatrice Costa, Universidade Federal de Uberlândia

Graduada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2002). Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (2016), com período sanduíche na Universidade de Yale. É professora adjunta do curso de Tradução da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), além de atuar nos programas de pós-graduação em Estudos Literários da UFU e de Estudos da Tradução na Universidade Federal de Santa Catarina (PGET – UFSC).

Referências

ABBOTT, H. Porter. How do we read what isn’t there to be read?: shadow stories and permanent gaps. In: ZUNSHINE, Lisa (Ed.). The Oxford Handbook of Cognitive Literary Studies. Nova York: Oxford University Press, 2015. p. 104-119.

ALICE in wonderland. Direção e roteiro de Jonathan Miller. BBC, 1966. 72 min. Preto e branco.

ALICE no país das maravilhas (Alice in Wonderland). Produção de Walt Disney. Direção de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske. Roteiro de Joe Grant et al. Walt Disney Productions, 1951. 75 min. Cor.

ALICE no país das maravilhas (Alice in Wonderland). Direção de Tim Burton. Roteiro de Linda Woolverton. Walt Disney Pictures, 2010. 108 min. Cor.

ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1991.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2011.

ASIMOV, Isaac. I, Robot. Nova York: Spectra Books, 2008.

BLOOM, Harold. Como e por que ler. Tradução de José Roberto O’Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

BOYD, Brian. On the origin of stories: evolution, cognition, and fiction. Cambridge (MA): The Belknap Press of Harvard University Press, 2009.

BRUNER, Jerome Seymour. Making stories: law, literature, life. Cambridge (MA): Harvard University Press, 2002.

BURKE, Michael. Literary reading, cognition and emotion: an exploration of the oceanic mind. Nova York/Londres: Routledge, 2011.

CAIXETA, Leonardo; NITRINI, Ricardo. Teoria da Mente: uma revisão com enfoque na sua incorporação pela psicologia médica. Psicologia: Revisão e Crítica, v. 15, n. 1, p. 105-112, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prc/v15n1/a12v15n1.pdf. Acesso em: 19 abr. 2019.

CARROLL, Lewis. Alice’s Adventures in Wonderland. Londres: Penguin Books, 2006.

CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no país das maravilhas / Através do espelho e o que Alice encontrou lá. Trad. de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Summus, 1980.

CARROLL, Lewis. The annotated Alice: the definitive edition. Ed. de Martin Gardner. Nova York: W.W. Norton, 2000.

DAMES, Nicholas. Reverie, sensation, effect: novelistic attention and Stendhal’s “De L’Amour”. Narrative, v. 10, n. 1, p. 47-68, 2002.

DAMES, Nicholas. The physiology of the novel: reading, neural science & the form of Victorian fiction. Nova York: Oxford University Press, 2007.

DALEY, Samantha G.; WILLETT, John B.; FISCHER, Kurt W. Emotional responses during reading: physiological responses predict real-time reading comprehension. Journal of Educational Psychology, v. 106, n. 1, p. 132-143, 2014.

EASTERLIN, Nancy. Thick context: novelty in cognition and literature. In: ZUNSHINE, Lisa (Ed.). The Oxford Handbook of Cognitive Literary Studies. Nova York: Oxford University Press, 2015. p. 613-632.

ELRICH, Victor. Russian Formalism: history, doctrine. Paris: Mouton, 1965.

GATTÉGNO, Jean. Lewis Carroll: fragments of a looking-glass, from Alice to Zeno. Tradução de Rosemary Sheed. Londres: Cromwell, 1976.

GOETZ, Ernest T. et al. The structure of emotional response in reading a literary text: quantitative and qualitative analyses. Reading Research Quarterly, v. 27, n. 4, p. 361-372, 1992.

GREEN, Mitchell. How and what can we learn from fiction? In: HAGBERG, Garry L.; JOST, Walter. The Blackwell companion to philosophy of literature. Hoboken (NJ): Wiley-Blackwell, 2010. p. 350-366.

HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2003.

HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. Tradução de Idalina Azevedo e Manuel António de Castro. Edição bilíngue. São Paulo: Edições 70, 2010.

HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. Trad. de Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

KÜMMERLING-MEIBAUER, Bettina. Emotional connection: representation of emotions in young adult literature. In: HILTON, Mary; NIKOLAJEVA, Maria (Ed.). Contemporary adolescent literature and culture: the emergent adult. Nova York: Ashgate, 2012. p. 127-138.

LAUER, Gerhard. Going empirical: why we need cognitive literary studies. JLTonline, v. 3, n. 1, 2009, n/p. Disponível em: http://www.jltonline.de/index.php/articles/article/view/151/478. Acesso em: 18 abr. 2019.

LEITE, Sebastião Uchoa. O que a tartaruga disse a Lewis Carroll. In: CARROLL, Lewis. Aventuras de Alice no país das maravilhas / Através do espelho e o que Alice encontrou lá. Trad. de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Summus, 1980. p. 7-31.

LOPES, Paula Cristina. Literatura e linguagem literária. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa, 2012.

MARRON, Orley K. Alternative theory of mind for artificial brains: a logical approach to interpreting alien minds. In: LEVERAGE, Paula; MANCING, Howard; SCHWEICKERT, Richard; WILLIAM Jennifer Marston. Theory of mind and literature. West Lafayette (IN): Purdue University Press, 2011. p. 187-199

McWILLIAM, Rohan. Jonathan Miller’s Alice In Wonderland (1966): a suitable case for treatment. Historical Journal of Film, Radio and Television, v. 31, n. 2, p. 229-246, 2011.

NIKOLAJEVA, Maria. Reading for learning: cognitive approaches to children’s literature. Amsterdã/Filadélfia: John Benjamins, 2014.

PAZ, Octavio. Signos em rotação. Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Perspectiva, 2005.

PLATÃO. A república. Edição bilíngue. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2000.

RICHARDSON, Alan. Imagination: literary and cognitive intersections. In: ZUNSHINE, Lisa (Ed.). The Oxford Handbook of Cognitive Literary Studies. Nova York: Oxford University Press, 2015a. p. 225-245.

SARTRE, Jean-Paul. O que é literatura. Tradução de Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Ática, 2004.

SPINOZA, Baruch. Pensamentos metafísicos. Tratado da correção do intelecto. Ética. Tratado político. Correspondência. [Coleção “Os Pensadores”]. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

TOLSTÓI, Liev. What is art? Tradução de Richard Pevear. Londres: Penguin, 1995.

SUIHKONEN, Tuire. Learning about emotion in Alice’s Adventures in Wonderland: a cognitive approach to reading. 2016. 74 f. Dissertação (Mestrado em Inglês e Estudos Literários) – University of Tampere, Tampere, 2016. Disponível em: https://tampub.uta.fi/bitstream/handle/10024/99286/GRADU-1465559382.pdf?sequence=1. Acesso em: 17 abr. 2019.

SPOLSKY, Ellen. The biology of failure, the forms of rage, and the equity of revenge. In: ZUNSHINE, Lisa (Ed.). The Oxford Handbook of Cognitive Literary Studies. Nova York: Oxford University Press, 2015a. p. 34-54.

SPOLSKY, Ellen. The contracts of fiction: cognition, culture, community. Nova York: Oxford University Press, 2015b.

STENDHAL. De l’amour. Edição de Victor Del Litto. Paris: Galllimard, 1980.

STOCKWELL, Peter. Cognitive poetics: an introduction. Nova York: Routledge, 2002.

TSUR, Reuven. Aspects of cognitive poetics. In: SEMINO, Elena; CULPEPER, Jonathan (Ed.). Cognitive stylistics: language and cognition in text analysis. Amsterdã/Filadélfia: John Benjamins, 2002.

TSUR, Reuven. Toward a theory of cognitive poetics. Amsterdã: North-Holland, 1992.

ZUNSHINE, Lisa. Introduction to Cognitive Literary Studies. In: ZUNSHINE, Lisa (Ed.). The Oxford Handbook of Cognitive Literary Studies. Nova York: Oxford University Press, 2015. p. 613-632.

ZUNSHINE, Lisa. Why we read fiction: theory of mind and the novel. Columbus: Ohio State University Press, 2006.

Publicado

2019-06-19

Como Citar

COSTA, C. B. O que aprendemos com Alice: Considerações sobre a leitura de literatura. Letras & Letras, Uberlândia, v. 35, n. 1, p. 59–83, 2019. DOI: 10.14393/LL63-v35n1a2019-4. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/47081. Acesso em: 22 jul. 2024.