“Bicha deveria nascer sem coração” ou a solidão interseccional da bicha preta em “Coração”, de Marcelino Freire
DOI:
https://doi.org/10.14393/LL63-v38-2022-09Palavras-chave:
Literatura Contemporânea, Homoerotismo, Contos Negreiros, Marcelino FreireResumo
Este artigo analisa o conto “Coração”, de Marcelino Freire, considerando a solidão vivida pela personagem Célio como resultado da interseccionalidade de opressões por ser uma bicha preta. Além disso, discorre-se sobre as condições sócio-históricas que possibilitam a emergência dessa personagem, considerando a complexidade instaurada pelo atravessamento de instâncias que configuram seu caráter interseccional. Foram usados como referenciais teóricos Bernardino-Costa e Grosfoguel (2016), Preciado (2014) e Bell Hooks (2019) ao tratar da ruptura com o sistema de masculinidade e heterossexualidade performando uma “feminilidade”; e Akotirene (2019) como discussão do conceito de interseccionalidade ao observar o corpo e o espaço de Célio. Como resultado, verificou-se a construção da personagem Célio como um corpo que não pode ter seus afetos correspondidos na mesma intensidade que outros sujeitos, principalmente pelo acionamento de intertextualidades que justificam a solidão vivida pela personagem como construção dessa bicha preta na literatura contemporânea.
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