“Ser ou não ser” digno de uma história de amor
inovações do ChatGPT e persistência colonial na validação de existências
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-31Palavras-chave:
ChatGPT, Decolonialidade, Performatividade, Datacolonialismo, InterseccionalidadeResumo
Este artigo tem como objetivo refletir criticamente sobre a linguagem utilizada nas respostas a interações com a recente inovação tecnológica, o ChatGPT, a partir da perspectiva da performatividade interseccional e da abordagem decolonial. Solicitamos ao chat para contar uma história de amor e analisamos as narrativas produzidas pela máquina e suas reformulações de acordo com as intervenções humanas oportunamente realizadas. Destacam-se os repetidos pedidos de desculpas do ChatGPT, a presença marcante de estereótipos na descrição das personagens e a criação de enredos românticos, muitas vezes, à maneira dos contos de fadas. Tais recorrências nos revelam que, por trás dessas inovações tecnológicas do presente, há muito mais do passado do que supõe nossa vã filosofia. Os resultados obtidos nesta pesquisa experimental que analisa as narrativas de amor produzidas pela IA apontam para a propagação de uma visão de mundo capitalista, ocidental, branca, hegemônica, cis-heteronormativa, arquetípica do Norte Global, o que nos fez concluir que as histórias românticas fabricadas pelo ChatGPT contribuem para manter a ordem colonial dos discursos, que validam ou não raça, gênero, classe, sexualidade, cultura e existências – o ser ou não ser, portanto. Por essa razão, torna-se urgente assumir uma posição crítica e emancipadora com relação ao datacolonialismo, sobretudo nos campos da linguagem e da educação.
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