O ENSINO DE FILOSOFIA COM/PARA CRIANÇAS
DOI:
https://doi.org/10.14393/OT2018vXX.n.1.190-199Palavras-chave:
Educação, Formação Docente, Prática DocenteResumo
Na Crítica da Razão Pura, Kant distingue o "ensino de filosofia" e o "filosofar". Afirma ser possível ensinar a filosofar, mas não ensinar filosofia. O trecho kantiano, em sua totalidade estabelece, por primeiro, a possibilidade do ensino do filosofar. Por conseguinte, diz poder-se ensinar filosofia, desde que a partir de uma perspectiva histórica. Neste sentido, a distinção kantiana pode ser concebida como um profícuo ponto de partida para a reflexão proposta por este trabalho. O ensino de filosofia refere-se aos processos de ensino e de aprendizagem de conteúdos filosóficos referentes à tradição e à história da filosofia. Em princípio, trata do ensino de filosofia para crianças. O ensinar a filosofar, por seu turno, diz respeito à filosofia como experiência filosófica. Porquanto, associa-se a uma prática que pode ser realizada com as crianças. Assim, de um lado, está o "ensinar filosofia" (conteúdos filosóficos) para crianças. De outro, o filosofar (filosofia como experiência) com crianças. Contudo, no cotidiano da sala de aula, tal distinção nem sempre se apresenta de forma tão clara e precisa. Destarte, o presente trabalho discute a problemática da abordagem mais apropriada ao ensino de filosofia na educação básica. Discorre acerca das três perspectivas apresentadas pela literatura filosófica disponível relativa a esta questão, quais sejam, a temática, a histórica e a problematizante. Propõe que tal análise deve ser empreendida, em princípio, como uma questão precipuamente filosófica. Apresenta os limites e possibilidades das três espécies de abordagem. Ressalta a importância dos conteúdos e da tradição (história da filosofia). Salienta o potencial criativo do problema filosófico tanto para o processo de construção-reconstrução de conceitos quanto para o ensino e a aprendizagem de conteúdos significativos no âmbito conceitual, atitudinal e procedimental. Trata o problema filosófico como ensejo da educação filosófica. Propõe que a trajetória seja fornecida pela história da filosofia e pelos conteúdos filosóficos. E aponta para a produção do conceito como corolário dos processos de ensino e aprendizagem de filosofia na educação básica. Considera, assim, que há um processo de ensino e de aprendizagem de conteúdos filosóficos (conceitos, história da filosofia) para as crianças e adolescentes. Com efeito, na educação filosófica como experiência, as crianças e os adolescentes podem concomitantemente apropriar-se crítica, reflexiva e criativamente dos conteúdos filosóficos, construindo, nesta feita, uma reflexão autônoma, partindo da resolução de problemas com vistas à construção de conceitos.Downloads
Referências
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