Origens do Movimento de V para C nas Línguas Românicas
Investigando a Gramática do Latim Tardio
DOI:
https://doi.org/10.14393/DL49-v16n1a2022-7Palavras-chave:
Latim tardio, Línguas românicas, Orações interrogativas, CartografiaResumo
O artigo investiga a estrutura sintática de orações-wh no latim tardio. Os resultados mostram que, sendo o sintagma-wh o objeto direto, o operador interrogativo alcança FocP na periferia à esquerda, com o verbo finito movendo-se para o núcleo Foc. Essa relação especificador-núcleo explica por que sujeitos e XPs deslocados (tal como um tópico ou foco) não podem aparecer linearmente entre o sintagma-wh objeto e o verbo. Para orações-wh em que o operador interrogativo é um adjunto, a hipótese é que o sintagma-wh ocupa [Spec,IntP]. Aqui, o verbo não se move para o sistema CP, o que explica a possibilidade de sujeitos e XPs interpolados entre o constituinte-wh adjunto e o verbo. Esses resultados mostram que a propriedade V2 de movimento de V para C, como visto em várias línguas românicas antigas, pode ser derivada do latim tardio, e não exclusivamente de uma suposta influência das línguas germânicas, como se assume na literatura.
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