Preposições órfãs no português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-43

Palavras-chave:

Preposição órfã, Português brasileiro, Contração, Caso, Categoria preposicional nula

Resumo

Neste trabalho, apresentamos evidências de que o PB é uma língua que licencia preposições órfãs, ao contrário do que já havia sido defendido na literatura. Também mostramos por que esse fenômeno não é generalizado, com alguns itens preposicionais admitindo P-stranding, ao passo que outros descartam completamente essa possibilidade. Defendemos que, na base, a diferença entre esses dois grupos está na possibilidade de se aplicar ou não uma operação de contração sintática, possibilidade esta que dependeria do valor lexical/funcional de cada preposição. A ideia de contração não é uma ferramenta teórica nova para explicar o fenômeno de preposition stranding. O diferencial de nossa análise é explicitar que a contração impedindo o licenciamento de P-stranding é um processo puramente sintático, que afetaria apenas preposições de conteúdo mais funcional. Basicamente, tais preposições sofrem um processo de fusão com seu complemento, o que inviabiliza a extração de tal elemento. Em relação a preposições de natureza mais lexical, nossa proposta é que elas selecionam uma categoria preposicional nula que seria responsável por atribuir caso ao DP complemento. Esse item nulo intermediário impediria a operação sintática de contração entre o DP complemento e a preposição foneticamente visível. Por não haver contração, licencia-se a extração do DP complemento, o que explicaria o fenômeno de P-stranding.

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Biografia do Autor

André Antonelli, Universidade Estadual de Maringá

Doutor em Linguística (2011) pela Universidade Estadual de Campinas. Professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá.

Daiara Negri Godoi Franzão, Universidade Estadual de Maringá

Mestranda em Letras, pelo Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá. Docente na rede pública de ensino.

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Publicado

08.10.2024

Como Citar

ANTONELLI, A.; FRANZÃO, D. N. G. Preposições órfãs no português brasileiro. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 18, p. e1843, 2024. DOI: 10.14393/DLv18a2024-43. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/70818. Acesso em: 30 dez. 2024.