Preposições órfãs no português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-43Palavras-chave:
Preposição órfã, Português brasileiro, Contração, Caso, Categoria preposicional nulaResumo
Neste trabalho, apresentamos evidências de que o PB é uma língua que licencia preposições órfãs, ao contrário do que já havia sido defendido na literatura. Também mostramos por que esse fenômeno não é generalizado, com alguns itens preposicionais admitindo P-stranding, ao passo que outros descartam completamente essa possibilidade. Defendemos que, na base, a diferença entre esses dois grupos está na possibilidade de se aplicar ou não uma operação de contração sintática, possibilidade esta que dependeria do valor lexical/funcional de cada preposição. A ideia de contração não é uma ferramenta teórica nova para explicar o fenômeno de preposition stranding. O diferencial de nossa análise é explicitar que a contração impedindo o licenciamento de P-stranding é um processo puramente sintático, que afetaria apenas preposições de conteúdo mais funcional. Basicamente, tais preposições sofrem um processo de fusão com seu complemento, o que inviabiliza a extração de tal elemento. Em relação a preposições de natureza mais lexical, nossa proposta é que elas selecionam uma categoria preposicional nula que seria responsável por atribuir caso ao DP complemento. Esse item nulo intermediário impediria a operação sintática de contração entre o DP complemento e a preposição foneticamente visível. Por não haver contração, licencia-se a extração do DP complemento, o que explicaria o fenômeno de P-stranding.
Downloads
Métricas
Referências
ABOH, E. The P Route. In: CINQUE, G.; RIZZI, L. (ed.). Mapping spatial PPs. Nova Iorque: Oxford University Press, 2010. p. 225-260. DOI https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195393675.003.0007
BÍBLIA. O pentateuco da Bíblia Medieval Portuguesa: introdução e glossário Heitor Megale. São Paulo: Imago/EDUC, 1992.
CHOMSKY, N. Minimalist inquiries. Cambridge: MIT Working Papers, 1998.
CINQUE, G. Mapping spatial PPs: an introduction. In: CINQUE, G.; RIZZI, L. (ed.). Mapping spatial PPs. Nova Iorque: Oxford University Press, p. 3-25, 2005. DOI https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195393675.003.0001
HORNSTEIN, N.; WEINBERG, A. case theory and preposition stranding. Linguistic Inquiry, v. 12, p. 55-92, 1981.
KATO, M. Optional prepositions in Brazilian Portuguese. In: ARREGI, K.; FAGYAL, Z.; MONTRUL, S.; TREMBLAY, A. (ed.). Romance linguistics 2008. Philadelphia: John Benjamins, p. 171-184, 2010. DOI https://doi.org/10.1075/cilt.313.16kat
KATO, M.; NUNES, J. Uma análise unificada dos três tipos de relativas restritivas do português brasileiro. Web-Revista SOCIODIALETO, v. 4, p. 575-590, 2014.
KLEPPA, L. A Forma da preposição na fala de uma criança. Revista virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, v. 3, p. 1-21, 2005.
LAW, P. Preposition stranding. In: EVERAERT, M.; RIEMSDIJK, H. C. Van (ed.). The Blackwell companion to syntax, v. 3. Oxford: Blackwell Publishing, 1986. p. 631-684. DOI https://doi.org/10.1002/9780470996591.ch51
MURIUNGI, P. Categorizing adpositions in Kîîtharaka. Nordlyd: tromsø working papers in Linguistics, v. 33, p. 26-48, 2006. DOI https://doi.org/10.7557/12.76
POPLAC, S.; ZENTZ, L.; DION, N. Phrase-final prepositions in Quebec French: an empirical study of contact, code-switching and resistance to convergence. Bilingualism: Language and Cognition, v. 15, p. 203-225, 2012. DOI https://doi.org/10.1017/S1366728911000204
RIEMSDIJK, H. C. van. A case Study in syntactic markedness: The binding nature of prepositional phrases. Dordrecht: Foris, 1978.
ROSS, J. Constraints in variables in syntax. 1967. 523 f Tese (Doutorado em Filosofia), Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, 1967.
ROSS, J. Infinite Syntax! Norwood: Ablex, 1986.
SALLES, H. Aspectos da sintaxe de clíticos e artigos em português. Revista Letras, v. 56, p. 177-191, 2001. DOI https://doi.org/10.5380/rel.v56i0.18413
SALLES, H. Aspectos da sintaxe de pre- e posposições em línguas românicas e germânicas. Letras de Hoje, v. 38, p. 251-265, 2003.
TAKAMI, K. Preposition Stranding: from Syntactic to Functional Analyses. New York: Mouton de Gruyter, 1992. DOI https://doi.org/10.1515/9783110870398
TARALLO, F. Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. 1983, Tese (Doutorado). University of Pennsylvania, 1983.
TRUJILLO, M. F. F. Estudo diacrônico das preposições Com, Em, Por e Per em textos portugueses do século XIV ao XX. 2012. 140 f. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa), PUC SP, São Paulo, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 André Antonelli, Daiara Negri Godoi Franzão
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos da licença Creative Commons
CC BY-NC-ND 4.0: o artigo pode ser copiado e redistribuído em qualquer suporte ou formato; os créditos devem ser dados ao autor original e mudanças no texto devem ser indicadas; o artigo não pode ser usado para fins comerciais; caso o artigo seja remixado, transformado ou algo novo for criado a partir dele, o mesmo não pode ser distribuído.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.