CRIANÇAS NO COTIDIANO ESCOLAR DA ALFABETIZAÇÃO INICIAL: REFLEXÕES SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS, INFÂNCIAS E APRENDIZAGENS
DOI:
https://doi.org/10.14393/OT2018vXX.n.1.74-87Palavras-chave:
Educação, Formação Docente, Prática DocenteResumo
O presente estudo tece algumas reflexões sobre a pesquisa referente ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), política pública do governo federal, voltada para a formação de professores alfabetizadores (1.º ao 3.º ano), que intenta assegurar que todas as crianças brasileiras estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade; ao final do 3.º ano do ensino fundamental. Tem por objetivo compreender como esse Programa, por meio dos cadernos em alfabetização em língua portuguesa da formação continuada de professores alfabetizadores, projeta a criança e seu aprendizado da leitura e escrita no 1º ano do Ensino Fundamental. Desse modo, abordaremos em nossas análises a organização do cotidiano escolar nas turmas de 1.º ano do ensino fundamental, buscando compreender como a organização do espaço-tempo de aprender, nessa proposta, situa a leitura, escrita e o brincar na vida das crianças e de que modo se apresenta para a prática do professor. A presente investigação consiste numa pesquisa documental caracterizada pelo procedimento da configuração textual e do paradigma indiciário. Por meio da análise dos Cadernos do Programa constatou-se que o planejamento do processo de alfabetização e ensino-aprendizagem da língua portuguesa é voltado exclusivamente para os eixos constituintes da língua (leitura; produção de textos escritos; oralidade; análise linguística: discursividade, textualidade e normatividade; e análise linguística: apropriação do sistema de escrita alfabética); todos esses elementos contemplam o que se espera que o professor ensine às crianças, ao mesmo tempo, se estabelece que as crianças têm o direito de aprender de modo geral e específico, o que é importante trabalhar em cada ano do ciclo de alfabetização, excluindo-se, assim, as características próprias das crianças de seis anos na organização do espaço-tempo escolar, as manifestações de outras linguagens e sua incorporação nas rotinas escolares, contribuindo para uma desvalorização do brincar e um distanciamento das necessidades infantis. Salientamos que o brincar, principal atividade e direito das crianças, está sendo descaracterizado devido às exigências do ensino fundamental. De acordo com a análise empreendida, constatamos a existência de um discurso predominante na orientação das práticas docentes e na regulação dos tempos de aprendizagem das crianças, sustentado no direito de aprender das crianças, definindo o que, como e quando as crianças devem aprender, e por aí naturaliza e padroniza o que, como e quando o professor deve ensinar.Downloads
Referências
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