A participação feminina na gramaticografia de espanhol como língua estrangeira no Brasil e o protagonismo de Beatriz de Chacel
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-1Palabras clave:
Historiografia da Linguística, Língua Estrangeira, Feminino, Língua Espanhola, HispanismoResumen
Neste trabalho, descrevemos a participação da mulher na escrita de textos gramaticais de espanhol como língua estrangeira (E/LE) no Brasil. Em particular, visamos analisar a obra precursora dessa produção: El español del colegio, de Beatriz de Chacel (1944). Para tanto, partimos do levantamento da produção e circulação de gramáticas E/LE no país feito por Araujo (2024), no qual se controlaram fatores relativos ao contexto de publicação e autoria da gramaticografia brasileira de E/LE. Para a compilação do corpus, foram considerados os acervos bibliotecários de universidades brasileiras das cinco regiões brasileiras, da Biblioteca Nacional (RJ), de colégios bilíngues localizados a região sudeste e das oito unidades do Instituto Cervantes no Brasil. No total, foram identificadas 46 gramáticas publicadas no Brasil e outras 7 publicadas no exterior, mas destinadas a brasileiros. Entre as obras brasileiras, 24 tem autoria feminina – publicadas especialmente a partir dos anos 2000. Diante dos dados, além do trabalho de Beatriz de Chacel (1944), outros quatro foram considerados precursores no que diz respeito à participação feminina na autoria do material: (i) Lengua española, de Emilia Navarro Morales e Leônidas Sobrino Pôrto (1967); (ii) Gramática da língua espanhola, de Maria do Céu Carvalho e Agostinho Dias Carneiro (1969); (iii) Gramatica práctica de español, de Maria de Lourdes R Coimbra (1981), e (iv) Síntesis gramatical de la lengua española, de Maria Teodora Rodriguez Monzú Freire (1982). A análise se insere nos pressupostos teóricos e metodológicos da Historiografia da Linguística e considera como pano de fundo para a interpretação de toda a narrativa o desenvolvimento do Hispanismo no Brasil, a partir da proposta das 4 ondas do hispanismo brasileiro, de Paraquett (2020). Considerando os limites desta discussão, a análise do papel do feminino na gramaticografia de E/LE parte efetivamente de uma breve apresentação das quatro obras publicadas na segunda metade do século XX. Na seção seguinte, debruçou-se mais cuidadosamente sobre a obra El español del colegio, de Beatriz de Chacel (1944). A partir da análise, foi possível observar o relativo atraso da inserção feminina na produção gramatical, mas sua relevância e impacto para o ensino da língua no país. Finalmente, o estudo do trabalho de Chacel (1944) indicou uma postura muito progressista na abordagem assumida para facilitar a aprendizagem da língua estrangeira. Por outro lado, quando comparado com outros autores contemporâneos a Chacel (1944), El español del colegio assume uma descrição mais conservadora e pautada pela Real Academia.
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