Educação linguística afrocentrada e vocabulário digital

práticas para um ensino antirracista

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-68

Palabras clave:

Tecnologias digitais, Educação linguística, Léxico, Línguas africanas, Vocabulário digital

Resumen

Nas últimas décadas, o avanço das tecnologias digitais expandiu as maneiras de produzir, acessar e compartilhar conhecimentos linguísticos, criando oportunidades para o trabalho pedagógico. Nesse cenário, as Tecnologias de informações e comunicação (TICs) vêm sendo gradualmente integradas ao campo educacional não apenas pela expectativa de tornar as práticas de ensino mais dinâmicas e interativas, mas também pela necessidade de refletir criticamente sobre seu uso. Assim, o presente artigo tem o objetivo de refletir os usos pedagógicos das tecnologias digitais no processo de valorização das línguas africanas presentes nas variedades do português angolano e brasileiro, por meio da construção de um vocabulário digital com fins pedagógicos voltado à educação linguística afrocentrada. A pesquisa parte da constatação da ausência de vocábulos de origem africana em dicionários digitais especializados, evidenciando, assim, uma lacuna que impacta tanto a representatividade cultural quanto a compreensão mais ampla da diversidade linguística presente no português brasileiro. Como metodologia, foi utilizado o programa computacional AntConc, que seleciona todas as lexias presentes nos corpora para posterior análises. Utilizou-se ainda as premissas da lexicografia moderna, que consiste na utilização de corpus e ferramentas computacionais para produção de obras lexicográficas. Foram utilizados dois corpora distintos: o primeiro composto por entrevistas realizadas em Luanda (Angola), nos anos de 2008 e 2013 pertencente ao projeto em busca de raízes do português brasileiro: fase III, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); e o segundo, por registros orais coletados em 2019 na comunidade quilombola Mussuca, localizada no estado de Sergipe, pertencentes ao banco de dados da tese de pós-doutoramento da Professora Dra. Silvana Silva de Farias Araujo. A análise desses materiais permitiu identificar e sistematizar um conjunto de palavras de origem africana, analisadas conforme obras lexicográficas disponíveis de forma física, como as de Castro (2001; 2002) e o dicionário kimbundu-português, de Assis Júnior (1947).

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Josimar Santana Silva, Universidade Estadual de Feira de Santana

    Doutorando em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL), da Universidade Estadual de Feira de Santana (2021).

  • Silvana Silva de Farias Araújo, Universidade Estadual de Feira de Santana

    Doutora em Língua e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Plena no Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), participando dos cursos de Graduação e Pós-Graduação (PPGEL/UEFS).

  • Patrício Nunes Barreiros, Universidade Estadual de Feira de Santana

    Doutor em Letras e Linguística (UFBA-2013). Professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana e do Departamento de Ciências Humanas Campus I da Universidade do Estado da Bahia. É professor do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Estudos Linguísticos da UEFS.

Referencias

ALKIMIM, T.; PETTER, M. M. T. Palavras da África no Brasil de ontem e de hoje. In: PETTER, M.; FIORIN J. L. (org). África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008. p. 146-177.

ALMEIDA, M. E. B. Tecnologias na Educação: dos caminhos trilhados aos atuais desafios. BOLEMA: Boletim de Educação Matemática, v. 21, n. 29, p. 99-129, 2008.

ALMEIDA, T. F. O dicionário Caldas Aulete Digital: um produto folk? The Caldas Aulete Digital Dictionary: a folk product? Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), v. 51, n. 2, 2022. DOI https://doi.org/10.21165/el.v51i2.3246

ANTUNES, I. O léxico de uma língua. In: ISQUERDO, A. N. (org.). O território das palavras: estudo do léxico em sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. p. 27-49.

ASSIS JUNIOR, A. Dicionário Kimbundu-Português Linguístico, Botânico, Histórico e Corográfico seguido de um índice alfabético dos nomes próprios. Luanda: Argente, Santos e Comp., 1947.

BAGNO, M. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. Edições Loyola, 1999.

BARREIROS, L. L. S. O uso de ferramentas computacionais na elaboração do Vocabulário de Eulálio Motta: AntConc e FLEx. A Cor das Letras, Feira de Santana, v. 18, n. 2, p. 216-241, 2017. DOI https://doi.org/10.13102/cl.v18i2.1835

BOAVENTURA, T. M. L. A.; SANTOS, T. V.; BARREIROS, P. N. A filologia editorial na era digital. Manuscrítica: Revista de Crítica Genética, São Paulo, Brasil, n. 44, p. 141–149, 2021. DOI https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i44p141-149

BONVINI, E. Línguas africanas e português falado no Brasil. África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008. p. 15-62.

BONVINI, E. Os vocabulários de origem africana na constituição do português falado no Brasil. In: FIORIN, J. L.; PETTER, M. (org.) África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008a. p. 101-144.

BORTONI-RICARDO, S. M.; SILVA, K. A. Sociolinguística educacional: uma entrevista com Stella Maris Bortoni-Ricardo. Linguagem em (Dis) curso, v. 22, n. 1, p. 219-231, 2022.

BRAGA, D. B. Ambientes digitais: reflexões teóricas e práticas. Cortez, 2013.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

CASTRO, Y. P. A língua mina-jeje no Brasil. Um falar africano em Ouro Preto no século XVIII. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro/Séc. de Estado da Cultura, 2002.

CASTRO, Y. P. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.

CRYSTAL, D. Linguística da Internet: um guia para estudantes . Routledge, 2011.

CRYSTAL, D. Revolução da linguagem. Zahar, 2005.

GRANGER, S. Electronic lexicography: From challenge to opportunity. In: GRANGER, S.; PAQUOT, M. (ed.). Electronic Lexicography. Oxford: Oxford University Press, 2012. p. 1-11. DOI https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199654864.003.0001

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Minidicionário Houaiss de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.

LÉVY, P. Cibercultura. Editora 34, 1999.

LIBÂNEO, J. C. Tendências pedagógicas na prática escolar. Revista da Associação Nacional de Educação–ANDE, v. 3, p. 11-19, 1983.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, v. 3, 2004.

MENDONÇA, R. A influência africana no português do Brasil. Brasília: FUNAG, 2012 [1933].

ORSI, V. Lexicologia: o que há por trás do estudo da palavra. In: GONÇALVES, A. V.; GÓIS, M. L. S. (org). Ciências de linguagem: o fazer científico. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2012. p. 163-177.

PETTER, M. M. T. A influência das línguas africanas no português brasileiro. In: MELLO, E. H.; ALTENHOFEN, C; RASO, T. (org). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. p. 139-156.

PETTER, M. M. T. Aspectos morfossintáticos comuns ao português angolano, brasileiro e moçambicano. PAPIA-Revista Brasileira de Estudos do Contato Linguístico, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 201-220, 2010.

PETTER, M. M. T. Variedades linguísticas em contato: português angolano, português brasileiro e português moçambicano. 2008. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008b. Tese (Livre Docência em Linguística) – FFLCH/USP.

RAIMUNDO, J. O elemento afro-negro na língua portuguesa. Rio de Janeiro: Renascença, 1933.

REY-DEBOVE, J. Léxico e dicionário. Alfa (Araraquara), São Paulo, v. 28, p. 45-69, 1984.

ROJO, R. Escritas digitais e novos letramentos. In: SIGNORINI, I; FRIEDRICH, J. (org.). Letramentos em movimento. Campinas: Mercado de Letras, 2019.

ROJO, R. Pedagogia dos multiletramentos: diversidade cultural e de linguagens na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

SANTANA SILVA, J.; SILVA. F. A., S. Léxico de línguas autóctones africanas presente no português falado na comunidade de Mussuca, no estado de Sergipe. Travessias Interativas, São Cristóvão-SE, v. 12, n. 26, p. 177–190, 2023. DOI https://doi.org/10.51951/ti.v12i26.p177-190

SARDINHA, T. B. Linguística de corpus: histórico e problemática. DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo. v. 16, n. 2, p. 323-367, 2000. DOI https://doi.org/10.1590/S0102-44502000000200005

SILVA, E. V.; SILVA, K. A; SALOMÃO, C. B. Dossiê 2024: Educação linguística e cultural mediada por tecnologias digitais. Texto Livre, v. 17, p. e52587, 2024. DOI https://doi.org/10.1590/1983-3652.2024.52587

SILVA, J. S. A língua dos “bastardos” vítimas do colonialismo português. Revista Macambira, Serrinha, v. 8, n. 1, p. 1–20, 2024. DOI https://doi.org/10.35642/rm.v8i1.1420

SILVA, J. S. Léxico de origem africana no português falado em Luanda. 152f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) - Universidade Estadual de Feira de Santana. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Feira de Santana, 2021.

SILVA, J. S. Vozes da África no português angolano e brasileiro: conexões, semelhanças e construção de um vocabulário digital. 2025. 246f. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Feira de Santana. Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos. Feira de Santana, 2025.

SILVA, J. S.; ARAÚJO, S. S. F. Léxico de línguas autóctones africanas presente no português falado na comunidade de Mussuca, no estado de Sergipe. Travessias Interativas, n. 26, p. 177-190, 2022. DOI https://doi.org/10.51951/ti.v12i26.p177-190

SILVA, J. S.; ARAÚJO, S. S. F. Léxico de línguas autóctones africanas presente no português falado na comunidade de Mussuca, no estado de Sergipe. In: XI Encontro de Sociolinguística - Salvador, 2021. Disponível em: https://www.doity.com.br/anais/xiencontrodesociolinguistica/trabalho/217022. Acesso em: 19 jul. 2023.

XAVIER, R. C. S. Ciberespaço, cibercorpo, ciberaprendizagem: o novo status do conhecimento. 2003. Disponível: https://ri.ucsal.br/server/api/core/bitstreams/e19a37f0-7224-4183-aaa3-cea8bb7cbf4c/content. Acesso em : 13 mai. 2025

ZAVAGLIA, C. Metodologia em ciências da linguagem: lexicografia. In: GONÇALVES, A. V.; GÓIS, M. L. S. (org). Ciências de linguagem: o fazer científico. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2012. p. 231-264.

Publicado

2025-12-03

Número

Sección

Educação linguística e cultural mediada por tecnologias digitais em um mundo multipolar contemporâneo

Cómo citar

SILVA, Josimar Santana; ARAÚJO, Silvana Silva de Farias; BARREIROS, Patrício Nunes. Educação linguística afrocentrada e vocabulário digital: práticas para um ensino antirracista. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 19, p. e019068, 2025. DOI: 10.14393/DLv19a2025-68. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/78767. Acesso em: 27 dec. 2025.