Visada argumentativa no tecnodiscurso antirracista
o tecnogênero post em carrossel no Instagram
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-37Palabras clave:
Visada argumentativa, Tecnogênero, Movimento antirracista, Tecnodiscursos, InstagramResumen
Este artigo analisa a construção da visada argumentativa em posts em carrossel publicados no Instagram, com foco na circulação de discursos antirracistas nesse ecossistema digital. A investigação parte de um corpus composto por dez publicações afiliadas à hashtag #racismo, produzidas por coletivos, ativistas e influenciadores brasileiros que atuam na denúncia das desigualdades raciais. O objetivo é compreender como se dá a construção dos sentidos argumentativos em práticas tecnodiscursivas marcadas pelo engajamento político e pela performatividade digital. O estudo adota como referencial a Análise do Discurso Digital (Paveau, 2022), mobilizando quatro dimensões tecnolinguageiras: morfolexicológica, enunciativa, discursiva e semiodiscursiva. Parte-se da concepção de visada argumentativa conforme proposta por Amossy (2017), segundo a qual todo discurso se inscreve numa situação de interlocução e visa influenciar as representações, atitudes ou ações do outro, ainda que não adote uma forma argumentativa explícita. Essa perspectiva permite compreender a argumentação como componente constitutivo do discurso, articulando o posicionamento do enunciador, as estratégias linguístico-discursivas e o horizonte de sentido mobilizado nas interações. A análise mostra que os posts em carrossel podem operar como tecnogêneros nativos digitais fortemente argumentativos, nos quais múltiplas materialidades e recursos interativos são acionados para sustentar posicionamentos sociopolíticos. A dimensão morfolexicológica evidencia o uso estratégico de hashtags militantes como tecnopalavras, que funcionam como marcadores de afiliação e engajamento. A dimensão enunciativa revela o emprego recorrente do tecnodiscurso relatado, especialmente em sua forma repetidora, por meio da inserção de capturas de tela e trechos de outras plataformas, ampliando a heterogeneidade tecnoenunciativa. Já na dimensão discursiva, observa-se que o post em carrossel configura-se como um tecnogênero produsado, com estrutura sequencial e compartimentada que favorece a progressão argumentativa. Por fim, a dimensão semiodiscursiva destaca a articulação entre linguagem verbal e recursos visuais e gráficos, com destaque para os tecnografismos, que reforçam a finalidade argumentativa do discurso. O estudo evidencia que a visada argumentativa nos tecnodiscursos é coconstruída por sujeitos, plataformas e dispositivos técnicos.
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Referencias
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