Ambiguidades de escopo com muitas vezes e adjuntos frequentativos afins
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-21Palabras clave:
Adjuntos temporais, Frequência, Quantificação, Ambiguidade, EscopoResumen
Neste trabalho, discute-se a interação entre adjuntos frequentativos vagos do tipo de muitas vezes e adjuntos de localização temporal, de tipo oracional ou não oracional, como quando o Pedro está em Paris ou aos domingos, em construções do tipo de quando está em Paris, o Pedro vai muitas vezes ao Louvre ou aos domingos, o Pedro vai muitas vezes à missa. A primeira frase, cuja contrapartida francesa (com souvent) é discutida na literatura, é ambígua entre uma leitura de escopo largo do adjunto frequentativo sobre o adjunto de localização temporal (“muitas vezes, quando está em Paris, o Pedro vai ao Louvre”) e uma leitura de escopo estreito (“sempre que está em Paris, o Pedro vai ao Louvre muitas vezes”). O mesmo acontece, mutatis mutandis, com a segunda frase. As interações entre os dois tipos de adjuntos e o surgimento ou não de ambiguidades de escopo entre eles dependem de diversos fatores gramaticais, que serão discutidos com algum pormenor. Destacam-se restrições semântico-pragmáticas, envolvendo as proposições conectadas e/ou os intervalos referidos, e restrições sintáticas, envolvendo essencialmente a posição pós-verbal ou pré-verbal do adjunto frequentativo. É ainda evidenciado que os subtipos específicos dos adjuntos frequentativos, por um lado, e os subtipos específicos dos adjuntos de localização, por outro, são fatores determinantes. Assim, por exemplo, adjuntos frequentativos como muitas vezes ou por vezes associam-se frequentemente a ambiguidades de escopo, mas adjuntos como poucas vezes ou muito adverbial (como em o Pedro vai muito ao Louvre) não; adjuntos de localização com quando X, depois dos N¢ ou aos N¢ associam-se frequentemente a ambiguidades de escopo, mas adjuntos como depois de todos os N¢ ou todos os N¢ não. Ao longo do trabalho, são considerados dados ilustrativos de corpora de texto jornalístico português, nomeadamente o cetempúblico, sendo o português europeu a variedade centralmente considerada.
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