Necropolítica do ciborgue

ChatGPT e servidão maquínica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-68

Palavras-chave:

ChatGPT, Ciborgue, Necropolítica, Neoliberalismo, Servidão maquínica

Resumo

Este artigo emprega uma visão de linguagem ciborgue e coletiva (Martins; Viana, 2019) para explorar a atuação de Inteligências Artificiais atuais enquanto dispositivos que contribuem para o estabelecimento de ontologias raciais e políticas de morte de corpos racializados. A análise se dá a partir do ChatGPT, popular ferramenta de Inteligência Artificial da OpenAI, e dos modos como esse dispositivo sustenta e fortifica as narrativas neoliberais e as políticas de inimizade contemporâneas. Para tanto, utilizaremos os conceitos de ciborgue (Haraway, 2009[1991]) e a Teoria Ator-Rede (Latour, 2012) para complexificar os entendimentos acerca da linguagem, bem como os conceitos de necropolítica (Mbembe, 2018[2003]) e governamentalidade neoliberal (Dardot; Laval, 2016) para compreender a ação de entidades maquínicas na atualidade. Defendemos que tais discussões precisam ser expandidas para burlar, borrar e hackear ideologias que versam sobre uma ontologia precisa entre humanos/não-humanos, uma vez que são tais imaginários que permitem a produção e perpetuação dessas mesmas opressões.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Eduardo Espindola Braud Martins, UFU

Professor do curso de Letras - Inglês da Universidade Federal de Uberlândia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis.

Rodrigo Ferreira Viana, UNILAB

Docente externo do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Bolsista de Pós-Doutorado, na mesma instituição, pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

Referências

ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1970.

ANTUNES, R. (org.). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020.

BARAD, K. Meeting the universe halfway. Quantum physics and the entanglement of matter and meaning. Durkham: Duke University Press, 2007. DOI https://doi.org/10.2307/j.ctv12101zq

BAUMAN, Z.; LYON, D. Liquid surveillance. Cambridge: Polity, 2013.

BIONDI, K. Junto e misturado: uma etnografia do PCC. São Paulo: Terceiro nome, 2010.

BUTLER, J. Excitable Speech. A politics of the performative. Nova Iorque: Routledge, 1997.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana Echelar. São Paulo: Boitempo, 2016.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Kafka: por uma literatura menor. Tradução de Cíntia Vieira da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. v. 2. São Paulo: Editora 34, 2011.

GUYER, J. From market to platform: shifting analytics for the study of current capitalism. In: GUYER, J. Legacies, Logics, Logistics: Essays in the Anthropology of the Platform Economy. Chicago: Univeristy of Chicago Press, 2016. DOI https://doi.org/10.7208/chicago/9780226326900.001.0001

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

HARAWAY, D. J. Manifesto ciborgue. Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: TADEU, T. (org.). Antropologia do ciborgue. As vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009[1991].

HARAWAY, D. J. Staying with the trouble. Making kin in the Chthutlucene. Durham: Duke University Press, 2016. DOI ttps://doi.org/10.2307/j.ctv11cw25q

HARDT, M.; NEGRI, A. Império. Tradução de Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Record, 2001.

LATOUR, B. Reagregando o social. Tradução de Gilson César Cardoso de Souza. Salvador: Edufba, 2012.

LAZZARATO, M. Sujeição e servidão no capitalismo contemporâneo. Cadernos de Subjetividade, São Paulo, n. 12, p. 168-179, 2010.

MARTINS, E. E. B.; VIANA, R. F. Por uma visão de linguagem ciborgue e coletiva. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 58, n. 2, 2019. DOI http://dx.doi.org/10.1590/010318135417215822019

MBEMBE, A. Necropolítica. Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1, 2018[2003].

OPENAI. ChatGPT. Resposta fornecida pela inteligência artificial ChatGPT, desenvolvida pela OpenAI. Disponível em: https://www.openai.com. Acesso em: 25 jul. 2024.

PARIKKA, J. Ethologies of software art and affect: what can a digital body of code do? In: HILLS, K.; PAASONEN, S.; PETIT, M. (org.). Networked Affect. Cambridge: The MIT Press, 2015. DOI https://doi.org/10.7551/mitpress/9715.003.0010

PASQUINELLI, M. Metadata Society. In: Braidotti, R; HLAVAJOVA, M. Posthuman Glossary. Londres: Bloomsbury, 2018.

PENNYCOOK, A. Performance and performativity. In: PENNYCOOK, A. Global Englishes and transcultural flows. Nova Iorque: Routledge, 2007. DOI https://doi.org/10.4324/9780203088807

PENNYCOOK, A. Language Assemblages. Cambridge: Cambridge University Press, 2024. DOI https://doi.org/10.1017/9781009348638

PRECIADO, P. B. Testo Junkie. Sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica. São Paulo: n-1, 2018.

SALLES, A.; EVERS, K.; FARISCO, M. Anthropomorphism in AI. AJOB Neuroscience, v. 11, n. 2, p. 88-95, 2020. DOI https://doi.org/10.1080/21507740.2020.1740350

SANTOS, F. O. A voz feminina em assistentes virtuais: uma análise pelos estudos da linguagem. Tese (doutorado) - Instituto de Letras e Linguística, Universidade Federal de Uberlândia, 2022.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006[1916].

SCHÜL, N. D. Addiction by design. Machine gambling in Las Vegas. Princeton: Princeton University Press, 2012.

SLEE, T. Uberização: A nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

TRAVERSO, E. La Violence Nazie: Une généalogie européenne. Paris: La Fabrique Editions, 2002.

VASWANI, A. et al. Attention is all you need. 31st Conference on Neural Information Processing Systems. Long Beach, CA, 2017.

VIANA, R. F. O Dispositivo Cristão Inclusivo: a contra-colonialidade de performances narrativas em cenas do cristianismo contemporâneo. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Linguística Aplicada) - Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.

Downloads

Publicado

16.12.2024

Como Citar

MARTINS, E. E. B.; VIANA, R. F. Necropolítica do ciborgue: ChatGPT e servidão maquínica. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 18, p. e1868, 2024. DOI: 10.14393/DLv18a2024-68. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/74609. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Algoritmos e sistemas de inteligência artificial e(m) processos de produção de sentidos