Modernidade tóxica
a dinâmica enunciativa e o cotidiano social
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-7Palavras-chave:
Semântica da Enunciação, Formação Nominal, Tóxico, Tensionamento social, ChatGPTResumo
Anualmente, a Oxford University Press, editora do mundialmente famoso Dicionário Oxford, seleciona uma palavra à qual eles atribuem a capacidade de sintetizar determinado período. Em 2018, a palavra escolhida foi “toxic” – ou “tóxico”, em português –, devido a um aumento significativo de 45% nas buscas por essa palavra pelos usuários do dicionário on-line. Esse fenômeno não é exclusivo do inglês; na língua portuguesa, observa-se uma tendência similar. Atualmente, formações nominais como “positividade tóxica”, “amizade tóxica”, “amor tóxico”, “beleza tóxica”, “autoestima tóxica” e “empoderamento tóxico” encontram regularidade nas enunciações cotidianas, tensionando sentidos que antes eram considerados opostos ou incompatíveis. Com isso em vista, este trabalho tem por objetivo investigar como essas tensões contemporâneas se materializam por meio da forma linguística “tóxico”, especialmente em formações nominais que articulam um nome-núcleo, associado a efeitos de sentido positivos, com o convergente “tóxico”, cujo escopo de significação está na esfera da negatividade. Como instrumentos de seleção de corpus para este estudo, utilizamos a inteligência artificial (ChatGPT) e o mecanismo de busca do Google, para coletar ocorrências em que esse tensionamento encontra razões enunciativas (Dias, 2018) para se materializar. Para fundamentar nossos estudos, analisamos o corpus coletado sob a perspectiva da Semântica da Enunciação ou Semântica do Acontecimento (Guimarães, 2018). No que diz respeito ao tratamento e à análise das formas linguísticas coletadas, utilizamos a metodologia das redes enunciativas, conforme proposta por Dias (2023). Nossos resultados, indicam um movimento de ressignificação, advindo da enunciação dessas formas, capaz de instaurar novas dinâmicas de organização do cotidiano social.
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