A construção linguístico-material do meu corpo não-binário negro
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-69Palavras-chave:
Linguagem, Matéria, corpo não-binário, (Meta)pragmática, AutoetnografiaResumo
Qual é a relação entre a linguagem e a matéria? E qual é a relação entre a linguagem e o corpo? Este texto é uma tentativa de contribuir com essas discussões na perspectiva de um estudo inserido na Linguística Aplicada. Recorrendo à longa discussão teórica sobre este tema e à (meta)pragmática, apresento um relato das principais conclusões de uma autoetnografia da performance corporal longitudinal sobre a construção mútua entre a linguagem e o corpo. Para tanto, analiso as minhas intra-ações com pessoas que participam de dois contextos diferentes da minha vida social: a profissional e a familiar. Também analiso vários cadernos de pesquisa e figuras, enquanto me reconecto com as minhas memórias pessoais ao longo de uma parte da minha escrita evocativa. Por outro lado, também analiso explicitamente os dados gerados com o objetivo de contribuir para o refinamento de teorias performativas e (meta)pragmáticas. Meu foco de análise é o uso de vocativos e nomes e a sua relação mútua de disjunção indicial com materialidades (não-)humanas.
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