Virginia Woolf e Jacques Lacan

vislumbres da alteridade que o nome mulher traz à baila

Autores

  • Ivan Oliveira Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.14393/AM-v20n1-2023-69253

Palavras-chave:

Psicanálise, Ficção modernista, Feminilidade, Alteridade, Ética

Resumo

O trabalho aqui apresentado visa estabelecer uma confrontação entre certos aspectos da prática literária de Virginia Woolf e do ensino do psicanalista Jacques Lacan. Evitando reduzir uma coisa à outra, trata-se de entrever os lineamentos de um pensamento crítico que, dispondo-se a suplementar os fatos com um expediente fictício - o qual, por sua vez, não se confunde de maneira alguma com o que se entende como sendo meramente falso -, divisa um novo posicionamento ético ali onde o nome mulher acusa uma deficiência estrutural no ordenamento simbólico das sociedades modernas, nas quais, não por acaso, o patriarcado continua sendo um fator estruturante com um alcance a perder de vista: tanto Woolf quanto Lacan abrem espaço para sustentar uma certa assimetria entre os posicionamentos subjetivos prescritos pelos nomes homem e mulher, assimetria que não se reduz a opor uma falsa plenitude a uma falta redobrada, mas que indica, isso sim, a pertinência de algo que, a despeito de não existir no presente momento, faz entrever um modo radicalmente novo de ser. 

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Publicado

27.11.2024

Edição

Seção

Estudos