O FANTASMA DA NECROPOLÍTICA NA CIDADE DO MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO
DOI:
https://doi.org/10.14393/AM-v22n1-2025-80589Palabras clave:
Necropolítica; Cultura Popular; Exclusão SocialResumen
O artigo analisa, sob uma perspectiva crítica, as contradições entre a estética festiva e a realidade social de Campina Grande (PB), cidade símbolo da cultura popular nordestina e do Maior São João do Mundo. Fundamentado nos conceitos de necropolítica (Mbembe, 2018) e Estado jardineiro (Bauman, 1999), o estudo investiga como a lógica do poder moderno decide quais vidas merecem visibilidade e quais são condenadas à invisibilidade e ao abandono. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa e caráter analítico-interpretativo, com base em revisão bibliográfica e análise discursiva de fontes teóricas e contextuais sobre a festa e o espaço urbano. O São João, ao mesmo tempo em que reafirma a identidade cultural nordestina, reproduz práticas de exclusão e higienização social, convertendo o espaço público em um “jardim” estético que expulsa os corpos empobrecidos e desviantes. Consideramos que o brilho do espetáculo encobre as sombras da desigualdade e da morte simbólica dos marginalizados, revelando que a cidade que celebra a vida é a mesma que administra, de modo silencioso, suas mortes sociais. O estudo propõe, assim, repensar o São João como território de reconhecimento social, acolhimento, identidade, mas também espaço de disfarce das desigualdades sociais, da violência e da necropolítica, tornando tais corpos suscetíveis à morte. Portanto, faz-se mister debater este tema, a fim de que o direito à celebração seja também o direito à existência digna.
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