Educação Popular e Educação do Campo
uma reflexão sobre as avaliações externas na perspectiva da reprodução social de Pierre Bourdieu
DOI:
https://doi.org/10.14393/REP-2024-75714Palavras-chave:
Escola pública, Função social, Estado do Espírito SantoResumo
Este texto traz discussões sobre a Educação Popular, a Educação do Campo e as avaliações externas do sistema escolar brasileiro, que medem o desempenho dos estudantes a partir de testes padronizados, elaborados por agentes externos à escola. O estudo fundamenta-se na teoria da reprodução social de Bourdieu (1989; 1998; 2013), que tem como tese central a relação do capital cultural e o habitus dos estudantes e suas famílias, com o desempenho e o êxito escolar; em Freire (2023) e Caldart (2004; 2020), para discutir a reafirmação das lutas pela educação em uma sociedade desigual a partir de um pensamento político, pedagógico e social. Trata-se uma reflexão teórica que parte da análise dos resultados das provas do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo, realizadas no estado do Espírito Santo, em 2023, para problematizar como as avaliações externas podem se colocar a serviço do Estado, reproduzindo diferenças sociais. As teorizações revelam que essas avaliações têm levado escolas e professores a competirem entre si para alcançarem os níveis exigidos, reproduzindo uma ideologia dos órgãos públicos que, além de mascarar o que é, de fato, um ensino de qualidade, desconsidera as realidades das populações campesinas, aprofundando desigualdades em vez de combatê-las.
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