“Ouviu em busca de lacunas”

O ressentimento em Amada, de Toni Morrison

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v36n2-2020-17

Palavras-chave:

Toni Morrison, Amada, Ressentimento, Friedrich Nietzsche, Jean Améry

Resumo

À luz das teorizações de Friedrich Nietzsche sobre a origem moral do ressentimento, apresento uma análise das representações do afeto no romance Amada (1987), de Toni Morrison. Na casa de número 124 da Rua Bluestone, o rancor assume a forma do corpo de uma jovem morta-viva; instalada nesse espaço como moradora, ela ganha peso, paralisa o tempo e impede que os outros habitantes da casa sigam em frente. Ao colocar em cena o passado escravocrata dos Estados Unidos, a presença do ressentimento na narrativa convoca e, ao mesmo tempo, desloca as elaborações teóricas propostas por Nietzsche. O ressentimento é um afeto que envenena, que nega qualquer acerto de contas, que atualiza o passado e impede os mortos de morrer definitivamente. Entretanto, em face das atrocidades históricas, e em sintonia com Jean Améry (1977), talvez o caminho possível para não repetir os mesmos erros seja o de, às vezes, permitir-se envenenar.

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Biografia do Autor

Amanda Luzia da Silva, Instituto Federal de Brasília

Professora da área de Literatura Espanhola e Hispano-americana do Instituto Federal de Brasília (IFB) e doutoranda em Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Possui Licenciatura em Letras pela Universidade Federal de São Carlos (2008) e mestrado em Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana pela Universidade de São Paulo (2016). Tem interesses na área de Teoria Literária, Literaturas Espanhola e Latino-americana, Teoria da memória, Psicanálise e Estudos de Gênero

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Publicado

2020-12-31

Como Citar

DA SILVA, A. L. “Ouviu em busca de lacunas”: O ressentimento em Amada, de Toni Morrison. Letras & Letras, Uberlândia, v. 36, n. 2, p. 303–322, 2020. DOI: 10.14393/LL63-v36n2-2020-17. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/51842. Acesso em: 21 nov. 2024.