Feiticeira Circe em perspectiva: O filme italiano Ulysses (1954) e sua releitura da epopeia grega Odisseia de Homero

Dolores Puga; Rafaela dos Santos Teixeira

doi:10.14393/LL63-v40-2024-06

Autores

Dolores Puga UFMS, Campus de Três Lagoas https://orcid.org/0000-0003-4013-5375
Rafaela dos Santos Teixeira UFMS, Campus de Três Lagoas https://orcid.org/0000-0001-7752-7415

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v40-2024-06

Palavras-chave:

Circe, Feiticeira, Odisseia, Filme Ulysses, Silvana Mangano

Resumo

Contrastar a imagem de feiticeiras em diferentes períodos históricos torna possível compreender como essas figuras caracterizam uma sociedade, especialmente quando isso é feito em representações que se pretendem artísticas. Nesse sentido, este trabalho busca analisar a figura da personagem Circe, na Odisseia de Homero, obra da Grécia Antiga fixada aproximadamente no século VIII a.C., mas sobretudo em sua retomada no filme italiano Ulysses (1954), de Mario Camerini. No contraste entre as obras, encontramos tanto a imagem de uma mulher que foge aos padrões ideais, ainda em formação na Grécia Antiga, e seu propósito paidêutico dentro dessa sociedade, e a já fixada imagem de uma “bruxa”, na Itália de 1954, através da interpretação da atriz Silvana Mangano. Entretanto, esse uso do passado não diz somente respeito a uma adaptação da narrativa homérica; pelo contrário, possui propósitos específicos e revela muito de seu próprio contexto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Dolores Puga, UFMS, Campus de Três Lagoas

Professora Adjunta do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (UFMS/CPTL). Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras da mesma instituição (PPGLetras/UFMS/CPTL). Doutora em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ). Atua nos estudos de História Antiga e História do Brasil, pesquisando teatro, literatura e cinema na relação da antiguidade com a contemporaneidade. Conta com a publicação de diversos periódicos indexados. É editora da Revista Eletrônica Trilhas da História. E-mail: dolores.puga@ufms.br

Rafaela dos Santos Teixeira, UFMS, Campus de Três Lagoas

Graduanda do curso de História na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS - CPTL), e bolsista PIBIC.

Obs. Em processo de seleção para mestrado do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas (PPGLetras/UFMS/CPTL), cujo resultado sairá ainda em 2023.

Referências

ASSUNÇÃO, T. R. Infidelidades veladas: Ulisses entre Circe e Calipso na Odisseia. Nuntius Antiquus, Belo Horizonte, v. VII, n. 2, jul.-dez. 2011. DOI: https://doi.org/10.17851/1983-3636.7.2.152-176

BALDISSERA, J. A.; BRUNELLI, T. de O. Mundo grego. In: BALDISSERA, J.A.; BRUNELLI, T. de O. Tempo e magia: a história vista pelo cinema, Antiguidade. Porto Alegre: Escritos, 2014. p. 139-277.

BATALHA, M. C. A feiticeira e suas múltiplas representações literárias. In: BATALHA, M. C. (Org.). Insólito, Mitos, Lendas, Crenças – Simpósios 1 Vampiros e feiticeiras, suas múltiplas representações literárias. Anais do VII Painel Reflexões sobre o insólito na narrativa ficcional e II Encontro Nacional O insólito como questão na narrativa ficcional. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2011. p. 87-92.

BUCLEY, R. Dressing the part: ‘made in Italy’ goes to the movies with Lucia Bosé in chronicle of a love affair. In: BAYMAN, L.; RIGOLETTO, S. Popular Italian cinema. London: Palgrave Macmillan, 2013, p. 177-196. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137305657_10

DETIENNE, M.; VERNANT, J.-P. Métis: as astúcias da inteligência. São Paulo: editora Odysseus, 2008. São Paulo: Palas Atenas, 2003.

FINLEY, M. O mundo de Ulisses. Lisboa: Editorial Presença, 1988.

JUDT, T. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Tradução de José Roberto O’Shea; revisão Marta Miranda O’Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

HOMERO. Odisséia. Tradução de Christian Werner. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

MADUREIRA, S. B. Relacionando magia e gênero na Grécia Antiga: Circe e Medéia como representações sociais de feiticeiras na Atena Clássica (século V a.C.). Hélade, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, 2019.

MARTIN, S. Los Escenarios del Peplum Italiano Desde sus Orígenes (Cabiria, 1914) Hasta La Época De La "Hollywood Sul Tevere" (Ulises 1954). In: MARTIN, S. Escenários del Cine Histórico. V Congreso Internacional de Historia y Cine.

PAUL, J. ‘Madona and whore’: the many faces of Penelope in Ulisse (1954). In: PAUL, J. NICOLOUTSOS, K. P. Ancient Greek women in Film. Oxford: Oxford University Press, 2013. p. 139-161. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199678921.003.0007

PECORARO, E. Trent’anni senza Silvana Mangano: una Melpomene dalla bellezza amara. Quaderni di Cura Privata Villa Sandra, Roma, v. XXIX, n. 4, p. 33-38, out. 2018.

PORTELLI, A. A Bomba de Turim: a formação da memória no pós-guerra. História Oral, v. 9, n. 1, p. 69-89, jan.-jun. 2006. DOI: https://doi.org/10.51880/ho.v9i1.190

PUGA, D. Bruxas/Feitiçaria. In: PUGA, D. Dicionário Crítico de Gênero. Dourados, MS: Ed. Universidade Federal da Grande Dourados, 2019. p. 87-91.

PUGA, D. Magia e cultura patriarcal: as transformações na imagem da na Antiguidade. MONÇÕES – Revista de História da UFMS/CPCX, v. 1, n. 1, p. 100-122, set. 2014.

PUGA, D. Circe. In: SILVA, S. C.; BRUNHARA, R.; VIEIRA NETO, I. Compêndio histórico de mulheres da Antiguidade: a presença das mulheres na Literatura e na História. Goiânia: Tempestiva, 2021. p. 629-635.

ROSENSTONE, R. A história nos filmes, os filmes na história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.

ULYSSES. Direção de Mario Camerini. Itália: Lux Films, 1954. 1 DVD (117 min.).

VERNANT, J-P. Mito e Religião na Grécia Antiga. São Paulo: Martins fontes, 2009.