A bruxa e o barão

Reminiscências da heresia e da Inquisição na novela A Feiticeira, de Antônio Joaquim da Rosa, o Barão de Piratininga

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v39-2023-23

Palavras-chave:

Feiticeira, Barão de Piratininga, Heresia, Inquisição, Antônio Joaquim da Rosa

Resumo

Este artigo apresenta como principal objetivo uma análise do livro A feiticeira, do escritor romântico do século XIX, Antônio Joaquim da Rosa, mais conhecido como O Barão de Piratininga. Essa narrativa dialoga tanto com a tradição clássica literária como com histórias orais de matrizes populares, fazendo parte do “tecido fáustico”, que, nos dizeres de Jerusa Pires Ferreira, está calcado principalmente nos pactos diabólicos. Os inúmeros castigos destinados à personagem Cora Mendes, considerada bruxa e herege, podem ser interpretados como alegorias da Inquisição portuguesa, cujos mecanismos mais cruéis para controlar ou eliminar suas vítimas eram a tortura e o terror.

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Biografia do Autor

Kenia Maria de Almeida Pereira, Universidade Federal de Uberlândia

Professora de literatura da Universidade Federal de Uberlândia- UFU. Doutora em Literatura Brasileira pela UNESP/ São José do Rio Preto/SP. Atualmente pesquisa o teatro do autor barroco luso-brasileiro Antônio José da Silva, o Judeu.

Emanuelle Amaral Almeida Marçal, Universidade Federal de Uberlândia

Graduanda em Letras Língua Portuguesa e Literatura na Universidade Federal de Uberlândia. Desenvolve Iniciação científica no Laboratório de Estudos Judaicos (LEJ), orientada pela professora Kenia Maria de Almeida Pereira.

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Publicado

2023-12-21

Como Citar

PEREIRA, K. M. de A.; MARÇAL, E. A. A. A bruxa e o barão: Reminiscências da heresia e da Inquisição na novela A Feiticeira, de Antônio Joaquim da Rosa, o Barão de Piratininga. Letras & Letras, Uberlândia, v. 39, n. único, p. e3923 | p. 1–17, 2023. DOI: 10.14393/LL63-v39-2023-23. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/70947. Acesso em: 3 dez. 2024.