“Nós vamos ter que dar dez beijos em cada um”
a gênese de discurso direto em um processo de escritura a dois
DOI:
https://doi.org/10.14393/DL31-v11n4a2017-5Palabras clave:
Narrativa ficcional, Manuscrito escolar, Processo de escritura em ato, Discurso reportado, Discurso diretoResumen
A escrita de falas de personagens (discurso direto) em narrativas ficcionais é um fenômeno linguístico-enunciativo complexo, envolvendo desdobramentos de diferentes planos enunciativos (passagem da voz do narrador para as vozes dos personagens e vice-versa), ao mesmo tempo em que requer do aluno o domínio de recursos gráficos e linguísticos para representá-las no texto escrito. Esta complexidade tem sido discutida pela literatura especializada a partir da análise de manuscritos escolares, onde as falas dos personagens já estão escritas. Apesar do produto textual ser um importante elemento para discutir como escreventes novatos podem representar o discurso direto, o texto acabado não permite observar como este discurso foi construído ao longo do processo de escritura. Partindo da Genética Textual e da Linguística Enunciativa, este trabalho discute o processo genético e criativo do discurso direto proposto por uma dupla de alunas recém-alfabetizadas (6-7 anos), quando o professor da turma solicitou que combinassem e escrevessem um único texto em sala de aula. Com o apoio do registro fílmico de todo o processo de escritura, a análise pôde identificar que a gênese textual da fala de um personagem passa por intensas (re) formulações antes de sua inscrição e linearização na folha de papel. Foi igualmente observado que a criação e o registro escrito do discurso direto são influenciados pelo conteúdo narrado, bem como pela condição letrada e subjetividade dos escreventes novatos.Descargas
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