Relações entre formações de palavras e gênero morfológico em língua portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv19a2025-23Palavras-chave:
Gênero morfológico, Neologismos, Motivadores de gênero, Terminações de palavras, LéxicoResumo
O gênero em português costuma ser associado ao sexo ou gênero identitário dos referentes, de modo a ignorar a maioria dos substantivos da língua, que dispõem de marcação de gênero apenas gramatical. Assim, é possível distinguir duas noções de gênero: (i) referencial, em que o gênero é determinado por seu referente sexuado; (ii) puramente morfológica, em que há informação gramatical, porém não referencial. Em estudos anteriores, demonstrou-se que a noção morfológica pode ser investigada por elementos variados, tais como a terminação, a origem histórica e os hiperônimos. O objetivo deste trabalho é ampliar o estudo dos motivadores de gênero morfológico e investigar as observações de diferentes autores, tanto linguistas quanto gramáticos, sobre outro possível influenciador de gênero: os processos formadores de palavras. A análise consiste na investigação dos processos identificados pelos linguistas e da maneira como o gênero se manifesta nos exemplos apresentados. Este artigo também verifica as considerações dos gramáticos acerca do gênero morfológico e as contrasta com o que os linguistas expõem sobre os processos estudados. Os resultados mostram que sete dos oito processos formadores analisados apresentam certa regularidade quanto à atribuição de gênero morfológico. Dentre eles, destacam-se a sufixação, a palavra-valise, a composição e o truncamento. Nos dois primeiros processos mencionados, é perceptível a influência da terminação para a atribuição de gênero morfológico: no caso da sufixação, o sufixo nominal carrega consigo informações de gênero; no processo de palavra-valise, tanto o gênero quanto a terminação da segunda base são mantidos. Já nas composições subordinativas, o primeiro elemento determina o gênero. No truncamento, por sua vez, ainda que o final do item lexical seja apagado, o gênero do item original se mantém, independentemente de sua nova terminação. Deste modo, notamos que é possível analisar os processos formadores de palavras como influenciadores de gênero em língua portuguesa, bem como sua relação com outros motivadores, como a terminação.
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