Racismo algorítmico e microagressões nas redes sociais
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-49Palavras-chave:
Racismo Algorítmico, Inteligência Artificial, Discurso racista, Redes sociaisResumo
Neste estudo, examino o impacto do racismo algorítmico enfrentado pela deputada Renata Souza ao utilizar inteligência artificial para retratar uma mulher negra em uma favela. Abordo como as microagressões contribuem para a disseminação do discurso racista no ambiente virtual, destacando o caso específico envolvendo a parlamentar. Fundamentado em pesquisas críticas sobre algoritmos (O’Neil, 2020; Prado, 2022) e em estudos sobre racismo algorítmico (Noble, 2021; Silva, 2022), analiso as microagressões presentes nos comentários em sua conta do Instagram e em páginas de mídia social. Os resultados apontam para: 1) críticas focadas no uso da palavra favela em vez de serem direcionadas à inteligência artificial; 2) acusações de manipulação da imagem para insinuar racismo por parte da deputada; 3) ausência de responsabilização da inteligência artificial pela discriminação, sendo a culpa atribuída aos usuários; 4) negação da existência do racismo algorítmico; 5) desvalorização da denúncia de racismo algorítmico feita pela deputada; e 6) interpretação da imagem da inteligência artificial como a de uma policial. Esses resultados revelam a conexão entre microagressões na propagação do racismo em ambiente digital e o discurso de ódio voltado para indivíduos negros.
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