Os tabus de decência rapariga e prostituta, eufemizados e disfemizados na fala cearense, a partir de dados do ALiB

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv17a2023-10

Palavras-chave:

Prostituta, Rapariga, Tabu linguístico, Eufemizar, Variação linguística

Resumo

Amparados nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (WEINREINCH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 2008) e nos conceitos teóricos sobre tabu, tabu linguístico e recurso linguístico (eufemístico e disfemístico), buscamos respostas para a questão 142 (a mulher que se vende para qualquer homem) presente no QSL do ALiB, em 12 cidades do Ceará. O objetivo desta pesquisa é analisar a variação entre os termos tabus prostituta/puta e rapariga, descrevendo qual dos termos concorrentes é mais frequente na amostra analisada e quais variáveis linguísticas (recurso linguístico e nº de variantes usadas) e extralinguísticas (sexo, faixa etária, e localidade) favorecem ou inibem a aplicação da regra variável, a partir dos resultados estatísticos oferecidos pelo GoldVarb X. Constatamos que a variante prostituta/puta é a mais frequente, com 62,5%, em comparação com rapariga, com 37,5%, no entanto, 91,4% dos entrevistados usam o recurso linguístico para eufemizar sua fala. Além disso, o programa não apresentou grupos de fatores favorecedores ou inibidores da regra variável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Cassio Murilio Alves de Lavor, UECE

Doutorando e mestre em Linguística Aplicada (2018) pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PosLA) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Graduado em Letras – Língua Portuguesa (2014) pela Universidade Estadual do Ceará e pós-graduado em Neurolinguística pelo Centro Universitário FAVENE (2021). Atua na área de Letras com ênfase em Linguística, Sociolinguística Variacionista. Professor da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC-CE).

Rakel Beserra de Macedo Viana, UECE

Doutoranda e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará – UECE (2018). Graduada em Letras Português/Inglês pela mesma instituição, na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - UECE/FAFIDAM (2007). Especialista em Gestão Educacional (2009), em Ensino de Língua Inglesa (2012) e em Linguística Forense (2022). Professora Mestre J da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC-CE). Perita judiciária grafotécnica. 

Aluiza Alves de Araújo, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Doutora e mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora adjunta K da graduação em Letras e do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PosLA) do Centro de Humanidades (CH) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Atua na área de Letras com ênfase em Linguística, Linguística Aplicada, Sociolinguística e Dialetologia. 

Referências

ALiB BRASIL, Comitê Nacional do Projeto. Atlas Linguístico do Brasil: questionário 2001. Comitê Nacional do Projeto ALiB. Londrina: Ed. UEL, 2001.

ALMEIDA, L. de. À guisa de uma tipologia para os tabus linguísticos – proposta para um glossário. 2007. 193 p. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências humanas, São Paulo, 2007. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-19082008-115800/publico/TESE_LAURA_DE_ALMEIDA.pdf. Acesso em: 04 de out. 2022.

ARAÚJO, J. C. Chats na web: a linguagem proibida e a queda dos tabus linguísticos. Linguagem em (Dis)curso, v. 8, n. 2, p. 311-334, maio/ago. 2008. Acesso em: 26 abr. 2022. DOI https://doi.org/10.1590/S1518-76322008000200006

AUGRAS, M. O que é tabu. São Paulo: Brasiliense, 1989.

AZEREDO, J. C. de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2010.

BECHARA, E. Dicionário da Academia Brasileira de Letras: língua portuguêsa. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2011.

BENKE, V. C. M. Tabus linguísticos nas capitais do Brasil: um estudo baseado em dados geossociolinguísticos. 2012. 313 p. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagens) — Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2012.Disponível em: https://alib.ufba.br/sites/alib.ufba.br/files/dissertacao_benke_vanessa._tabus_linguisticos.pdf. Acesso em: 04 de out. 2022.

BUTLER, J. Excitable speech: a politics of the performative. Londres: Routledge, 1997.

CARDOSO, S. A. M. da S.; MOTA, J. A. Projeto Atlas Linguístico do Brasil: antecedentes e estágio atual. Alfa, São Paulo, n. 56, p. 855-870, 2012. Acesso em: 19 jan. 2017. DOI https://doi.org/10.1590/S1981-57942012000300006

DESSONS, G. Émile Benveniste: l'invention du discours. Paris: Éditions In Press, 2006.

FIGUEROA, E. Sociolinguistic metatheory. Oxford: Pergamon, 1994. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/language-in-society/article/abs/esther-figueroa-sociolinguistic-metatheory-language-communication-library-14-oxford-pergamon-new-york-elsevier-science-1994-pp-ix-204-hb-4900-7800/BE4DAC47894B455C7733E6795E6FFF27. Acesso em: 26 abr. 2022.

FISCHER, J. L. Social Influences on the choice of linguistic variant. Word. n. 14, p. 47-56, 1958. DOI https://doi.org/10.1080/00437956.1958.11659655

FRANGANIELLO, A. L. S. Profissionais do sexo e autoimagem na cidade de São Paulo. 54 f. 2008. (Trabalho de Conclusão de Curso) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/18753. Acesso em: 20 ago. 2022.

FREUD, S. Totem e Tabu e Outros Trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1969.

GUEDALHA, C. A. M. Tabus linguísticos como motivação na formação de palavras no PB. Working papers em Linguística, Florianópolis, v. 12, n. 2, p. 49-68, jul./dez., 2011. Acesso em: 26 abr. 2022. DOI https://doi.org/10.5007/1984-8420.2011v12n2p49

GUÉRIOS, R. F. M. Tabus linguísticos. 2. ed. São Paulo: Editora Nacional; Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 1979.

GUY, G. R.; ZILLES, A. Sociolinguística Quantitativa: instrumental de análise. São Paulo: Editora Parábola, 2007.

HOUAISS, A. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Polifolha, 2008.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline R. Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

LABOV, W. The intersection of sex and social class in the course of linguistic change. Language Variation and Change, v. 2, n. 2, p. 205-254, 1990. Acesso em: 29 ago. 2022. DOI https://doi.org/10.1017/S0954394500000338

LOBO, B. N. L.; SAMPAIO, J. A. L. A prostituição e a dignidade da pessoa humana: Crítica literária e musical à negação do direito fundamental ao trabalho. Espaço Jurídico: Journal of Law, v. 17, n. 3, p. 913-932, 2016. Acesso em: 29 ago. 2022. DOI https://doi.org/10.18593/ejjl.v17i3.10554

LUFT, C. P. Dicionário prático de regência verbal. 9 ed. 9 reimp. São Paulo: Ática, 2015.

MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986.

MASSAUD, M. Dicionário de termos literários. 12. ed. rev. ampl. Cultrix, São Paulo, 2004.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCITEC, 2007.

MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. 4. ed. rev. e ampl. Campinas: Pontes, 2002.

PRETI, D. A gíria e outros temas. São Paulo: T. A. Queiroz/USP, 1984.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Freevale, 2013.

ROBERTS, N. As prostitutas da história. Rio de Janeiro: Rosas dos Tempos, 1992.

RODRIGUES, J. C. Tabu da Morte. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.

SANDERS, T. Unpacking the process of destigmatization of sex work/ers: Response to Weitzer ‘Resistance to sex work stigma’. Sexualities, v. 21, n. 5-6, p. 736-739. 2018. Acesso em: 29 ago. 2022. DOI https://doi.org/10.1177/1363460716677731

SANKOFF, D.; TAGLIAMONTE, S. A.; SMITH, E. Goldvarb X - A multivariate analysis application. Toronto: Department of Linguistics; Ottawa: Department of Mathematics, 2005. Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/Goldvarb/GV_index.htm#ref. Acesso em: 10 fev. 2021.

SANTOS, L. A.; PAIM, M. M. T. Menstruação na Bahia: um estudo em dois tempos distintos. Sociodialeto, Campo Grande, v. 6, n. 16, p. 219-260, jul. 2015. Disponível em: https://silo.tips/download/menstruaao-na-bahia-um-estudo-em-dois-tempos-distintos-1. Acesso em: 26 abr. 2022.

ULLMANN, S. Semântica: Uma introdução ao estudo do significado. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1964.

VILAÇA, M. G. da C. Tabus linguísticos na publicidade brasileira. 2009. 132 p. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7594. Acesso em: 04 de out. 2022.

WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola, 2006.

XIAO, W. O eufemismo e o disfemismo em português e chinês, na obra do Pe. Joaquim Gonçalves. 2015. 92 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Interculturais Português-Chinês: Tradução, Formação e Comunicação Empresarial) - Universidade do Minho Instituto de Letras e Ciências Humanas, Braga, Portugal, 2015. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/34271/1/Wang%20Xiao.pdf. Acesso em: 02 maio 2022.

Downloads

Publicado

02.01.2023

Como Citar

LAVOR, C. M. A. de; VIANA, R. B. de M.; ARAÚJO, A. A. de. Os tabus de decência rapariga e prostituta, eufemizados e disfemizados na fala cearense, a partir de dados do ALiB. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 17, p. e1710, 2023. DOI: 10.14393/DLv17a2023-10. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/67038. Acesso em: 22 jul. 2024.