O uso da construção “#SóQueSim” no Facebook

uma análise semântico-cognitiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL48-v15n4a2021-8

Palavras-chave:

Linguística Cognitiva, Linguagem Virtual, Gramática de Construções, Ironia, Mesclagem Conceptual

Resumo

Neste trabalho, propomos uma análise acerca da construção “#SóQueSim”, recrutada como indicador de ironia em interações estabelecidas por meio de postagens escritas na difundida rede social Facebook, gênero digital multimodal. Na rede social em questão, podemos notar grande frequência de uso da construção tema de nosso artigo, principalmente sob a forma das hashtags “#SóQueSim” ou “#SQS”. Tomamos por base pressupostos teóricos ancorados na Linguística Cognitiva, sobretudo, a Gramática de Construções, de Goldberg (1995) e a Mesclagem Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002). Buscamos mostrar que as extensões de sentido veiculadoras da ironia – entendida segundo Coulson (2001; 2005) – são fornecidas pragmaticamente, a partir do contexto de uso dessa expressão. A ironia é um recurso linguístico muito utilizado nos mais variados textos da modalidade escrita e oral. A análise revelou que a real compreensão dos efeitos de sentido da construção “#SóQueSim” apenas se torna possível dentro de um dado contexto de uso, o que reforça, nesse sentido, a importância do cenário comunicativo. Constatamos, também, que “#SóQueSim”, além de marcar discursivamente o efeito de ironia, desempenha, nas porções textuais em que figura, o papel de gatilho para reiteração das ideias apresentadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Tharlles Lopes Gervasio, Colégio Pedro II

Doutor em Estudos de Língua (UERJ). Professor integrante do Departamento de Português e Literaturas de Língua Portuguesa do Colégio Pedro II.

Referências

AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer. Trad. Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas 1990.

COULSON, S. Semantic Leaps: Frame-shifting and Conceptual Blending in Meaning Construction. New York: Cambridge University Press, 2001. DOI https://doi.org/10.1017/CBO9780511551352

COULSON, S. Sarcasm and the Space Structuring Model. The Literal and the Nonliteral in Language and Thought. Berlin: Lang, 2005.

CROFT, W.; CRUSE, D. A. Cognitive linguistics. Cambridge: CUP, 2004. DOI https://doi.org/10.1017/CBO9780511803864

FACEBOOK. Rede social. Disponível em: www.facebook.com. Acesso: maio 2014 a dez. 2015.

FAUCONNIER, G. Mappings in thought and language. New York: Cambridge University Press, 1997. DOI https://doi.org/10.1017/CBO9781139174220

FAUCONNIER, G.; TURNER, M. The Way We Think: conceptual blending and the mind`s hidden complexities. New York: Basic Books, 2002.

FILLMORE, C. J. Frame semantics. In: GEERAERTS, D.; DIRVEN, R.; TAYLOR, J. R. (org.). Cognitive Linguistics Research 34. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 2006. p. 373-399. DOI https://doi.org/10.1515/9783110199901.373

GALLI, F. C. S. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. In: MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

GEERAERTS, D. Cognitive linguistics: basic readings. Germany: Mouton de Gruyter, 2006. DOI https://doi.org/10.1515/9783110199901

GOLDBERG, A. E. Constructions: a construction grammar approach to argument structure. Chicago: The University of Chicago Press, 1995.

LAKOFF, G. Women, fire and dangerous things. Chicago: University of Chicago Press, 1987. DOI https://doi.org/10.7208/chicago/9780226471013.001.0001

LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Philosophy in the Flesh. New York: Basic Books, 1999.

LANGACKER, R. W. Foundations of Cognitive Grammar. v. 1.California: Stanford University Press, 1987.

LANGACKER, R. W. Foundations of Cognitive Grammar. v. 2. California: Stanford University Press, 1999.

LIBERATO, Y.; FULGÊNCIO, L. É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro. São Paulo: Contexto, 2007.

NEVES, M. A. G. Aspectos cognitivos na constituição da ironia. 2006. Tese (Doutorado em Língua Portuguesa) -Faculdade de Letras, UFRJ, Rio de Janeiro, 2006.

SANDERS, T., SANDERS, J., SWEETSER, E. Causality, cognition and communication: a mental space analysis of subjectivity in causal connectives. In: SANDERS, T.; SWEETSER, E. (org.). Causal categories in discourse and cognition. Berlin; New York: Mouton de Gruyter, 2009. DOI https://doi.org/10.1515/9783110224429.19

SEARLE, J. R. Os actos de fala: um ensaio de filosofia da linguagem. Coimbra: Almedina, 1991.

TOMASELLO, M. Constructing a Language: a usage-based theory of language acquisition. USA: Harvard University Press, 2003.

TRAUGOTT, E.; TROUSDALE, G. Constructionalization and constructional changes. Oxford: Oxford University Press, 2013. DOI https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199679898.001.0001

Downloads

Publicado

21.12.2021

Como Citar

GERVASIO, T. L. . O uso da construção “#SóQueSim” no Facebook: uma análise semântico-cognitiva. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 15, n. 4, p. 1128–1152, 2021. DOI: 10.14393/DL48-v15n4a2021-8. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/58002. Acesso em: 19 nov. 2024.