A subordinação camponesa na produção e comercialização de batata-doce: um olhar a partir da realidade do município de Moita Bonita/SE

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DOI:

https://doi.org/10.14393/RCT205877432

Parole chiave:

batata-doce, campesinato, mercadoria, monopolização da produção, espaço agrário sergipano

Abstract

O presente artigo compreende parte dos resultados da pesquisa de Dissertação acerca da subordinação camponesa na produção e comercialização de batata-doce no município de Moita Bonita, no Agreste Central Sergipano. A reprodução do campesinato é histórica, considerando as múltiplas determinações que implicam na sujeição dessa classe para atender a lógica do lucro e do capital. A classe camponesa é forçada a produzir e comercializar alimentos que se tornaram mercadorias e, dessa forma, existe um ciclo vicioso que é demandado pelo mercado, no qual impõe aos trabalhadores a sua subordinação ao capital, reduzindo a sua autonomia quanto ao trabalho com a terra e a produção de culturas típicas do campesinato. Nesse sentido, objetivamos neste artigo analisar a sujeição da classe camponesa na produção e comercialização de batata-doce para o mercado, no contexto de expansão das relações capitalistas no campo no município de Moita Bonita/SE. À guisa dos resultados, observou-se como o fracionamento da terra, com o minifúndio, agrava a concentração fundiária no espaço agrário, bem como a presença de um único cultivo, a batata-doce, dificulta a diversificação de outras culturas em razão do tamanho da terra e a captura da renda camponesa pelo mercado. A pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, contou com levantamento bibliográfico e de dados junto aos órgãos pertinentes, além de entrevistas semiestruturadas. Os dados foram investigados à luz do Materialismo Histórico e Dialético, permitindo entender a produção do espaço agrário sergipano como simulacro das relações capitalistas, as formas camponesas de reprodução social e os níveis de reafirmação da mercadoria.

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Biografie autore

  • Mara Íris Barreto Lima, Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE/PE)

    Professora de Geografia na Rede Estadual de Ensino de Pernambuco, na Escola de Referência em Ensino Médio Maria Cavalcanti Nunes (EREMMCN), em Petrolândia/PE. Possui Graduação (2016-2020) e Mestrado (2021-2023) em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foi estudante bolsista no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID, 2017-2018); monitora voluntária (2018-2019) nas disciplinas Formação Territorial e Econômica do Brasil e, Produção e Organização do Espaço Mundial; estudante bolsista no Programa de Educação Tutorial de Geografia (PET/MEC, 2018-2021). Foi representante discente do Departamento de Geografia (DGEI, 2018-2021): titular no Colegiado de Curso e suplente no Conselho Departamental. Foi membro da Comissão Discente - Apoio à Representação Discente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE, 2021-2023). Pesquisadora no Grupo "Produção do Espaço Geográfico e Relação Sociedade Natureza" (PROGEO/UFS/CNPq) e no Laboratório de Estudos Territoriais (LATER/PPGEO/UFS), participa do projeto "Os impactos da Pandemia da Covid-19 na aprendizagem dos jovens camponeses e na sua permanência no campo" - Edital FAPITEC/SE/SEDUC N 02/2020, sob coordenação da Professora Dra. Josefa de Lisboa Santos. Dedica-se à investigação sobre Geografia Agrária, Campesinato, Estrutura Fundiária e Produção de Alimentos em Sergipe. Atualmente é Vice-presidente na Diretoria Executiva da Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) - Seção Local Aracaju (Gestão/Biênio 2024-2026).

  • Josefa de Lisboa Santos, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

    É Licenciada (1990), Mestre (1999) e Doutora (2007) em Geografia pela UFS; Realizou Estágio Pós-Doutoral na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - FCT/UNESP, Campus de Presidente Prudente, junto ao Centro de Estudos de Geografia do Trabalho-CEGeT (2015-2016), com intercâmbio na Universidad de la Habana; É professora Associada da UFS, onde atua desde 2006 junto aos Departamentos de Geografia do campus de Itabaiana e desde 2021, no campus São Cristóvão. Em 2009 ingressou como professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO), quando atuou como Vice Coordenadora na gestão 2009-2013 e como Coordenadora na gestão 2013-15; Coordena o Laboratório de Estudos Territoriais (LATER/PPGEO) e é líder do Grupo de Pesquisa Relação Sociedade Natureza e Produção do Espaço-PROGEO/UFS/CNPq; Coordenou o Comitê de Pós-Graduação em Ciências Humanas (2014-15); Dirigiu o Sindicato dos Docentes da UFS (ADUFS), no período 2022-2024 e foi vice presidenta no período 2020-2022; Criou o Programa de Educação Tutorial de Geografia do Depto de Geografia do campus Prof. Alberto Carvalho (PET/MEC, 2010), coordenando-o até 2015; Foi Professora substituta do Depto. de Educação/UFS, nos períodos: 1999-2001 e 2004-2006, atuando também como Professora de Geografia junto ao Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA/DEE/UFS e junto ao Programa de Qualificação Docente-PQD/UFS, nos polos de Lagarto, Nossa Sra. da Glória e Propriá (2002-2005); Atuou como professora de Geografia na Educação Básica entre 1986 até 2006, junto às secretarias de educação do município de Lagarto/SE e do estado de Sergipe e escolas da rede privada; Atualmente leciona e desenvolve pesquisas nas áreas de Geografia Agrária, Geografia e Trabalho, Dinâmicas territoriais e Desenvolvimento, Políticas Públicas, Ensino de Geografia, Educação do campo, Formação de Professores, Políticas de Educação.

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Pubblicato

2025-05-07

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Artigos

Come citare

LIMA, Mara Íris Barreto; SANTOS, Josefa de Lisboa. A subordinação camponesa na produção e comercialização de batata-doce: um olhar a partir da realidade do município de Moita Bonita/SE. Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 20, n. 58, p. 147–167, 2025. DOI: 10.14393/RCT205877432. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/77432. Acesso em: 30 may. 2025.