Desigualdades e relações de gênero pelo enfoque das capacidades de Martha Craven Nussbaum: um olhar interseccional para o contexto brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v39a2025-74757

Palavras-chave:

Feminismo, Filosofia, Educação, Participação

Resumo

Resumo: Este artigo discute o cenário de obstrução vivenciado pelas mulheres brasileiras quanto ao desenvolvimento social, econômico e humano. A reflexão é embasada em índices educacionais, de formação e participação profissional e política, relacionados ao enfoque das capacidades de Martha Craven Nussbaum. Perspectiva política de investigação defendida como um novo mecanismo de mensuração da qualidade de vida das pessoas, com a qual realizamos um confronto, a partir de um olhar interseccional, das realidades das mulheres brasileiras, objetivando compreender em que estado de desenvolvimento humano e nível de qualidade de vida se encontram. Conclui-se que a relação preparo versus ocupação é fortemente inscrita pelas questões de gênero e raça e que os obstáculos às mulheres são incoerentes com o fato de serem melhor formadas academicamente, mas condizentes com a ideologia da diferença sexual e com o racismo. De acordo com tal enfoque, elas não possuem uma vida verdadeiramente humana ou digna.

Palavras-chave: Feminismo; Filosofia; Educação; Participação.

Inequalities and gender relations through the capabilities approach of Martha Craven Nussbaum: An intersectional look at the Brazilian context

Abstract: This article discusses the scenario of obstruction experienced by Brazilian women in terms of social, economic and human development. The reflection is based on educational, training and professional and political participation indices, related to Martha Craven Nussbaum's capabilities approach. Political research perspective defended as a new mechanism for measuring people's quality of life, with which we confront, from an intersectional perspective, with the realities of Brazilian women, aiming to understand in what state of human development and level of quality of life are found. It is concluded that the relationship between preparation and occupation is strongly inscribed by gender and race issues and that obstacles to women are inconsistent with the fact that they are better academically trained, but consistent with the ideology of sexual difference and racism. According to this approach, they do not have a truly human or dignified life.

Keywords: Feminism; Philosophy; Education; Participation.

Desigualdades y relaciones de género a través del enfoque de capacidades de Martha Craven Nussbaum: Una mirada interseccional al contexto brasileño

Resumen: Este artículo discute el escenario obstructivo vivido por las mujeres brasileñas en términos de desarrollo social, económico y humano. La reflexión se basa en los índices de educación, formación y participación profesional y política, relacionados con el enfoque de las capacidades de Martha Craven Nussbaum. Se trata de una perspectiva de investigación política defendida como un nuevo mecanismo de medición de la calidad de vida de las personas, con la que comparamos, desde una perspectiva interseccional, las realidades de las mujeres brasileñas, con el objetivo de comprender su estado de desarrollo humano y su nivel de calidad de vida. Llegamos a la conclusión de que la relación entre preparación y ocupación está fuertemente inscrita por cuestiones de género y raza y que los obstáculos para las mujeres no son coherentes con el hecho de que estén mejor formadas académicamente, sino con la ideología de la diferencia sexual y el racismo. Según este enfoque, no tienen una vida verdaderamente humana ni digna.

Palabras clave: Feminismo; Filosofía; Educación; Participación.

Data de registro: 06/08/2024

Data de aceite: 24/09/2025

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

Referências

ASSUMPÇÃO, San Romanelli. Ambiguidades do liberalismo político feminista: reflexões sobre Martha Nussbaum à luz de questões latino-americanas. Cadernos Adenauer, Rio de Janeiro, XIX, nº 1, p. 75-91, 2008.

BELTRÃO, Kaizô Iwakami; ALVES, José Eustáquio Diniz. A reversão do hiato de gênero na educação brasileira no século XX. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 136, p. 125-156, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742009000100007.

BRUSCHINI, Cristina; LOMBARDI, Maria Rosa. Bipolaridade do trabalho feminino no Brasil contemporâneo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 110, p. 67-104, julho, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742000000200003.

CASACA, Sara Falcão; LORTIE, Johanne. Género e Mudança Organizacional - Manual. Turim: Centro Internacional de Formação OIT, 2018.

HENRIQUES, Fernanda. Martha Nussbaum: um feminismo universalista e normativo. Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, artigos, Monsanto, 13 de janeiro de 2022. Disponível em: https://plataformamulheres.org.pt/artigos/projetos/de-viva-voz-para-uma-acao-transformadora-feminista/.

IBGE. Censo da Educação Superior 2024. Divulgação dos resultados. Brasília: Diretoria de Estatísticas Educacionais, 2022.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2024. Brasília: Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Pesquisas por Amostra de Domicílios, 2025.

IBGE. Síntese de indicadores sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira 2024. Rio de Janeiro: IBGE, 2024.

IBGE. Educação 2024. Rio de Janeiro: IBGE, 2025.

ILO. Spotlight on Work Statistics nº 12. New data shine light on gender gaps in the labour market. Geneva: International Labour Organization, 2023.

INEP. Censo da Educação Superior 2023: notas estatísticas. Brasília: Inep, 2024.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual o trabalho e relações sociais o sexo. In: HIRATA, Helena et al. (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Unesp, 2009. p. 67-75.

LOURO, Guacira Lopes. Mulheres na sala de aula. In. PRIORE, Mary Del (Org.). História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 443-481.

MACEDO, Aldenora Conceição; DEVECHI, Catia Piccolo Viero. Solidariedade intelectual: Aproximando interseccionalidade e hermenêutica reconstrutiva nas pesquisas em educação. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 36, n. 77, p. 951-975, 2022. DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v36n77a2022-64209.

MEC; CAPES. EQUIDADE. Desafios e conquistas das mulheres na pós-graduação. Brasília: Ministério da Educação, 2024.

MULHERES já são maioria nas bolsas de mestrado e doutorado, mas ocupam apenas 35,5% das bolsas de produtividade. Governo Federal, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 11 fev. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2025/02/mulheres-ja-sao-maioria-nas-bolsas-de-mestrado-e-doutorado-mas-ocupam-apenas-35-5-das-bolsas-de-produtividade.

MIR. Informe MIR - Monitoramento e avaliação. n. 2. Brasília: Ministério da Igualdade Racial, 2023.

MTE. Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2024.

NUSSBAUM, Martha Craven. Capacidades e Justiça Social. In: MEDEIROS, Marcela; DINIZ, Débora; BARBOSA, Lívia (Orgs.). Deficiência e igualdade. Brasília: Letras Livres, 2010. p. 19-40.

NUSSBAUM, Martha Craven. Crear capacidades: propuesta para el desarrollo humano. Barcelona: Paidós, 2012. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctvt7x63g.

NUSSBAUM, Martha Craven. Conversations Host Harry Kreisler welcomes philosopher Martha Nussbaum for a discussion of women and human development, religious freedom, and liberal education. Conversations with History [11/2006]. California: University of California Television, 2006.

NUSSBAUM, Martha Craven. Entrevista com Martha C. Nussbaum. Fina Birulés e Anabella l. Di Tullio. Barcelona Metrópolis. Invierno (enero – marzo 2011). DDOOSS, Asociación de Amigos del Arte y la Cultura, 2011.

NUSSBAUM, Martha Craven. Las mujeres y el desarrollo humano: el enfoque de las capacidades. Trad. Roberto Bernet. Barcelona: Herder Editorial, 2012a. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctvt7x63g

NUSSBAUM, Martha Craven. Sex and Social Justice. Oxford: Oxford University Press, 1999. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195112108.001.0001.

OIT. Mulheres no trabalho – tendências. Genebra: Organização Internacional do Trabalho, 2016.

OECD. Education at a Glance 2019: OECD Indicators. Paris: OECD Publishing, 2019. DOI: https://doi.org/10.1787/5bd264ec-de

https://doi.org/10.1787/b6d3dcfc-en

https://doi.org/10.1787/6bcf6dc9-fr

https://doi.org/10.1787/soc_glance-2019-en

https://doi.org/10.1787/4dd50c09-en

https://doi.org/10.1787/18ea27d8-en

https://doi.org/10.1787/f8d7880d-en

UNDP. United Nations Development Programme 2023. Gender Social Norms Index (GSNI) 2023: Breaking down gender biases: Shifting social norms towards gender equality. New York, 2023.

PORTELLA, Tânia. Desigualdade de gênero e raça na educação brasileira. Geledés Instituto da Mulher Negra, [s.l.], 21 de junho de 2022. Disponível em: https://www.geledes.org.br/boletim-seta-01-desigualdade-de-genero-e-raca-na-educacao-brasileira/.

SALDANHA, Paulo; TAKAHASHI, Fabio; TANAKA, Marcela. Presença de negros avança pouco em cursos de ponta. Educação. Deltafolha. Folha de São Paulo, São Paulo, 1 de julho de 2019.

SUBRAMANIAM, Tara. Mulheres. ONU alerta que levará 300 anos para alcançar a igualdade de gênero. Genebra: ONU, 2023.

Downloads

Publicado

2025-12-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

CONCEIÇÃO DE MACEDO, Aldenora; PICCOLO VIERO DEVECHI, Catia. Desigualdades e relações de gênero pelo enfoque das capacidades de Martha Craven Nussbaum: um olhar interseccional para o contexto brasileiro. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 39, p. 1–34, 2025. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v39a2025-74757. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/74757. Acesso em: 30 dez. 2025.