Biopolítica e gestão da saúde

o discurso sobre o parto normal na página O renascimento do parto

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL43-v14n3a2020-1

Palabras clave:

Parto normal, Biopolítica, Gestão de saúde, Redes Sociais, Discurso

Resumen

Em 2011, a pesquisa Nascer no Brasil, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, apontou taxas alarmantes de cesáreas no país, mostrando que 52% dos partos são feitos via cesariana. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, esse índice não deve ultrapassar 15%, uma vez que a cirurgia traz mais riscos de vida e complicações para mãe e bebê. Iniciam-se então, por parte do governo, diversas iniciativas para controle dessa taxa. A partir desse cenário, propomo-nos a analisar de que maneira as redes sociais têm contribuído para a modificação da mentalidade em torno do parto normal, através do discurso em prol da vida, bem-estar e produtividade. Utilizamos como aporte teórico os conceitos de sociedade de controle e biopolítica, presentes na obra de Foucault, discutidos por Hardt e Negri. Selecionamos como corpus postagens de uma das principais páginas de apoio ao parto natural, "O renascimento do parto". Os resultados apontam que a página tem utilizado o discurso científico e a divulgação de dados da Medicina Baseada em Evidências (MBE) a fim de discursivizar os benefícios do parto normal em favor da vida da mãe e bebê, fazendo um contraponto à cesárea. Assim, o discurso sobre a vida nas suas mais variadas esferas perpassa as publicações na rede social e problematiza a forma de se pensar o parto, proporcionando a ele uma imagem positiva de preservação da vida, saúde, bem-estar e manutenção de uma boa sexualidade.

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Biografía del autor/a

Monique Galdino, Universidade Federal da Paraíba

Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba

Citas

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Publicado

2020-02-26

Cómo citar

GALDINO, M.; FERNANDES DE SANTANA, W. K. Biopolítica e gestão da saúde: o discurso sobre o parto normal na página O renascimento do parto. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 14, n. 3, p. 739–762, 2020. DOI: 10.14393/DL43-v14n3a2020-1. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/47673. Acesso em: 22 jul. 2024.