Identidade de velhos

modos de identificação e discursos de resistência na velhice

Autores/as

  • Sostenes Cezar de Lima Universidade Estadual de Goiás
  • Priscilla Melo Ribeiro de Lima Universidade Federal de Goiás
  • Maria Luiza Monteiro Sales Coroa Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL23-v10n3a2016-8

Palabras clave:

Discurso de resistência, Poder, Identidade, Modos de identificação, Velhice

Resumen

Este artigo tem como objetivo analisar os modos de resistência identitária presentes em discursos autobiográficos de sujeitos velhos. Concebemos as práticas de resistência identitária como formas de ação social através das quais padrões identitários hegemônicos são contestados em favor da promoção e valorização de novas formas de identificação. Os discursos de resistência identitária associados à velhice constituem um conjunto de ações discursivas por meio dos quais se contesta o modo como o velho é identificado, tendo a juventude como base identitária. Na esteira da resistência, são construídas para o velho novas formas de identificação e novas formas de estar-no-mundo próprias da velhice. A partir de um embasamento teórico assentado na Análise Crítica do Discurso (ADC), e com contribuições da Psicanálise e estudos foucaultianos, buscamos mostrar nas crônicas autobiográficas de Rachel de Queiroz e Rubem Alves os discursos que constroem uma identificação dissidente para a velhice. Foram selecionadas seis crônicas, nas quais encontramos um discurso de resistência à identificação social da velhice como dócil, assexuada e decrépita. Além do aspecto crítico, os escritores se engajam num discurso que visa à transformação dos modos de identificação do velho, especialmente a identificação que reduz o velho a um indivíduo à espera da morte.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Métricas

Cargando métricas ...

Biografía del autor/a

Sostenes Cezar de Lima, Universidade Estadual de Goiás

Doutorado em Linguistica pela Universidade de Brasília. Docente e coordenador do Programa de Pós-Graduação Interdiciplinar em Linguagem, Educação e Tecnologias (PPG-IELT), da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Priscilla Melo Ribeiro de Lima, Universidade Federal de Goiás

Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília. Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGP-UFG). Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Velhice (GEPEV).

Maria Luiza Monteiro Sales Coroa, Universidade de Brasília

Doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas. Professora adjunta do Instituto de Letras da Universidade de Brasília. Docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Linguistica (PPGL/UnB).

Citas

ARENDT, H. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. [Obra original publicada em 1958].

ARENDT, H. Trabalho, obra, ação. Cadernos de Ética e Filosofia Política, v. 7, n. 2, p. 175-201. 2005. [Obra original publicada em 1967].

ALVES, R. As cores do crepúsculo: a estética do envelhecer. Campinas, SP: Papirus, 2001.

ALVES, R. Se eu pudesse viver minha vida novamente... Campinas, SP: Verus, 2004.

ALVES, R. A pior idade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 03 fev. 2009a, Cotidiano, p. C2.

ALVES, R. Quando o inverno chegar. Folha de S. Paulo, São Paulo, 03 mar. 2009b, Cotidiano, p. C2.

BAUMAN, Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

BENJAMIN, W. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Obras escolhidas. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. [Obra original publicada em 1936]. v. 1, p. 197-221.

BIRMAN, J. Estilo e modernidade em psicanálise. São Paulo: Editora 34, 1997.

COSTA, J. O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

DEBERT, G. A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhecimento. São Paulo: EDUSP, FAPESP, 1999.

DEBERT, G. A antropologia e o estudo dos grupos e das categorias de idade. In: BARROS, M. M. L. (Org.), Velhice ou terceira idade? Estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. 4. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 49-67.

ELIAS, N. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: UNB, 2001.

FAIRCLOUGH, N. Analysing discourse: textual analysis for social research. London: Routledge, 2003.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988. v. 1.

FREUD, S. À guisa de introdução ao narcisismo. In: Escritos sobre a psicologia do inconsciente. Obras psicológicas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2004. [Obra original publicada em 1914]. v. 1, p. 95-131.

GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

GREEN, A. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. São Paulo: Escuta, 1988.

HELLER, A. El hombre del Renacimiento. Barcelona, Espanha: Ediciones Península, 1980.

KEHL, M. R. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009.

KUPERMANN, D. Ousar rir: humor, criação e psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

LIPOVETSKY, G. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo. São Paulo: Cia das Letras, 2007.

LUFT, L. Múltipla escolha. Rio de Janeiro: Record, 2010.

MACIEL, A. Resistência e prática de si em Foucault. Trivium, v. 6, n. 1, p. 1-8, 2014.

MAGALHÃES, I. Discurso, ética e identidade de gênero. In: MAGALHÃES, I.; CORACINI, M. J. F.; GRIGOLETTO, M. (Org.). Práticas Identitárias: língua e discurso. São Carlos: Clara Luz, 2006. p. 71-96.

MUCIDA, A. Escrita de uma memória que não se apaga. São Paulo: Autêntica, 2009.

PESAVENTO, S. Crônica: fronteira da narrativa histórica. História UNISINOS, v. 8, n. 10, p. 61-80. 2004.

QUEIROZ, R. Nunca vi tanto santo junto!. O Estado de São Paulo, São Paulo, 06 ago. 1994, Caderno 2, p. 78.

QUEIROZ, R. De armas na mão pela liberdade. O Estado de São Paulo, São Paulo, 18 nov. 1995, Caderno 2, p. 112.

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

VAN DIJK, T. A. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2008.

Publicado

2016-08-26

Cómo citar

LIMA, S. C. de; LIMA, P. M. R. de; COROA, M. L. M. S. Identidade de velhos: modos de identificação e discursos de resistência na velhice. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 3, p. 903–926, 2016. DOI: 10.14393/DL23-v10n3a2016-8. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/32897. Acesso em: 21 nov. 2024.