O papel das affordances na modificação adjetival privativa pela abordagem cognitivista

Abstract

O artigo tem como objetivo apresentar o papel das affordances na modificação adjetival privativa a partir da análise do processo de integração conceptual (FAUCONNIER E TURNER, 2002). Compreendemos como affordances, em termos gerais, as propriedades invariantes do ambiente oferecidas a uma espécie, aquilo que é provido ou fornecido a essa espécie em seu ambiente (GIBSON, 1979); não descartamos a perspectiva dada por Sweetser (1999), quando afirma que as affordances cognitivas seriam suportes que dariam condições para uma interpretação não-literal de uma construção nominal modificada. Consideramos como modificação adjetival privativa o tipo de construção em que há um predicador e um elemento modificado intensionalmente, em uma relação de propriedades para propriedades (KAMP, 1975), como em 'revólver de mentira', 'loura falsa', 'suposto amigo' e 'mãe postiça'. Nessa relação, o modificador faz com que as propriedades do item modificado sejam negadas ou questionadas (formação de paráfrases do tipo 'o que não é N', 'o que pode ou não ser N', 'o que já foi N'/'o que não é mais N'). Para tal alcance, faremos uso das conceituações mais atualizadas de affordance no campo das ciências cognitivas, observando seu papel no esquema de mesclagem conceptual de algumas construções nominais modificadas.