Um modelo para a internacionalização do ensino superior brasileiro e o papel desempenhado pelas línguas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DLv18a2024-74

Palavras-chave:

Internacionalização, Ensino superior, Sistema educacional brasileiro, Línguas, Internacionalização em Casa

Resumo

A globalização, os avanços tecnológicos e as novas organizações geopolíticas impactaram os sistemas políticos, econômicos e sociais do mundo, gerando novas formas de se envolver e “estar” no mundo. O ensino superior respondeu a essas mudanças dedicando esforços à internacionalização, reconhecendo sua contribuição para a qualidade da educação e da pesquisa. Nessa direção, este artigo visa fornecer um breve histórico da internacionalização do ensino superior brasileiro, destacando as ideologias e políticas linguísticas que fundamentam os diferentes momentos históricos, a fim de estabelecer as bases para propor um plano de internacionalização bem-sucedido que seja capaz de responder às demandas dos atuais desafios enfrentados pelas instituições de ensino superior brasileiras. Tomando emprestada a conceituação de internacionalização de De Wit et al. (2015), este artigo reflete sobre alguns elementos centrais que se relacionam a quem deve estar envolvido no processo, por que e como ele deve ser conduzido e a quem se destina. Ancorado em dados fornecidos pela abordagem metodológica de uma análise SWOT, uma estrutura de cinco dimensões é proposta para o desenvolvimento de um plano institucional de internacionalização que possa incorporar as variáveis ​​complexas que envolvem o processo. A análise desenvolvida demonstra como a linguagem e a internacionalização estão interconectadas e como diferentes perspectivas de internacionalização estão associadas a idiomas estratégicos específicos. Além disso, a linguagem é vista como uma ferramenta para promover a internacionalização em casa, contribuindo para a internacionalização do currículo para todos, incluindo alunos que não podem ir para o exterior. Nessa perspectiva, a internacionalização em casa é vista como um processo inclusivo e equitativo. A linguagem também é vista como um canal de mão dupla: ela valoriza as identidades e culturas brasileiras ao mesmo tempo em que serve para participar de um mundo globalizado. Finalmente, reconhece o papel fundamental da linguagem como uma ferramenta para acolher e valorizar diferentes culturas. Ao fazer isso, ela ajuda os indivíduos a reconstruir suas identidades em novos contextos e a construir um senso de pertencimento. Isso, por sua vez, permite a promoção do multiculturalismo, fomenta o respeito mútuo e facilita a integração cultural em vez da assimilação cultural.

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Biografia do Autor

  • Liliane Assis Sade, UFSJ

    Doutora em Linguística.  Professora da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

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Publicado

28.12.2024

Edição

Seção

Internacionalização e ensino de línguas estrangeiras no Brasil numa perspectiva plurilíngue

Como Citar

SADE, Liliane Assis. Um modelo para a internacionalização do ensino superior brasileiro e o papel desempenhado pelas línguas. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 18, p. e1874, 2024. DOI: 10.14393/DLv18a2024-74. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/72153. Acesso em: 14 jul. 2025.