O autor de livros didáticos e o professor de língua materna em paratextos editoriais (1936-1962)
DOI:
https://doi.org/10.14393/DLv17a2023-30Palavras-chave:
Livros didáticos, Paratextos editoriais, Formação de professoresResumo
Neste artigo, investigo os modos que a Companhia Editora Nacional encontrou para participar das discussões sobre a formação de professores entre os anos 1930 e 1960, momento em que, no Brasil, se institucionalizavam tanto o ensino secundário quanto o superior. Parto da hipótese de que, ao apresentar autores de livros didáticos de português por meio de recursos gráfico-linguísticos dotados de força ilocucionária, a editora instaurava, também, representações do professor modelar de língua materna. Meu objetivo é, portanto, analisar e descrever os paratextos editoriais destinados à apresentação dos autores dos livros didáticos e, estabelecer, a partir deles, possíveis representações do professor modelar. O material compreende quatro livros que, no período investigado, tiveram destaque no meio educacional: Compêndio de língua portuguesa e Manual de língua portuguesa, de Artur de Almeida Torres; e Português para o ginásio e Português para o colégio, de José Cretella Júnior. Como arcabouço teórico, recorro a uma abordagem discursiva de linha francesa, que reconhece, na produção de sentido no discurso e na história, o caráter de prática social das semioses e, por essa via, a performatividade generalizada da linguagem. A metodologia consiste na descrição dos paratextos seguida da análise dos atos de linguagem realizados por meio deles no curso do debate sobre a formação docente. Os resultados obtidos mostram que, ao apresentar seus autores, a Nacional ora delimitou um conjunto seleto de professores autodidatas, legitimados por instituições de ensino tradicionais e grupos intelectuais; ora reclamou a necessidade de professores licenciados e concursados, legitimados por instâncias oficiais e burocráticas.
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