Efeitos do abaixamento na frequência do terceiro formante na pronúncia aproximante do /r/ em coda sobre a percepção social de falantes em São Bernardo do Campo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL51-v16n3a2022-2

Palavras-chave:

/r/ em coda, /r/ retroflexo, Percepção sociolinguística, Matched-guise, Terceiro formante

Resumo

Este estudo apresenta evidências de que diferenças graduais na frequência do terceiro formante da pronúncia aproximante do /r/ em coda podem provocar diferenças igualmente graduais no modo como falantes são socialmente avaliados em São Bernardo do Campo, município da Grande São Paulo. Conduziu-se um experimento de percepção sociolinguística, elaborado de acordo com a técnica matched-guise (LAMBERT et al., 1960), com 58 residentes do município, que foram solicitados a escutar uma gravação da fala de uma pessoa lendo uma frase e, em seguida, responder a um questionário acerca do falante. Os estímulos auditivos diferiam unicamente nas ocorrências do /r/ em coda, cada um apresentando apenas um de três graus de abaixamento do terceiro formante. Os resultados indicam correlação entre o grau de abaixamento e a maneira como os falantes foram avaliados. A queda na frequência do terceiro formante se correlacionou com o crescimento na taxa das respostas que avaliaram os falantes como tendo mais sotaque e sendo residentes de São Bernardo do Campo. Esse resultado sugere que significados sociais de formas linguísticas podem variar gradativamente quando veiculados por variáveis fonéticas graduais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gustavo de Campos Pinheiro da Silveira, UNICAMP

Mestrando em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Referências

AMARAL, A. O dialeto caipira. São Paulo: Parábola, 2020.

ATAL, B. S.; HANAUER, S. L. Speech analysis and synthesis by linear prediction of the speech wave. The Journal of the Acoustical Society of America, v. 50, n. 2B, p. 637–655, 1971. DOI: https://doi.org/10.1121/1.1912679

BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat: doing phonetics by computer [Computer program]. Disponível em: http://www.praat.org/.

BRANDÃO, S. F. Nas trilhas do -r retroflexo. SIGNUM: Estud. Ling, 2007. DOI: https://doi.org/10.5433/2237-4876.2007v10n2p265

CAMPBELL-KIBLER, K. The nature of sociolinguistic perception. Language Variation and Change, v. 21, n. 1, p. 135–156, 2009. DOI: https://doi.org/10.1017/S0954394509000052

DELATTRE, P.; FREEMAN, D. C. A dialect study of American r’s by x-ray motion picture. Linguistics, v. 44, p. 29–68, 1968. DOI: https://doi.org/10.1515/ling.1968.6.44.29

LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. Tradução: Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline R. Cardoso. São Paulo: Editora Parábola, 2008.

LADEFOGED, P. Phonetic Data Analysis: An Introduction to Fieldwork and Instrumental Techniques. Malden: Blackwell Publishing, 2003.

LADEFOGED, P.; MADDIESON, I. The Sounds of the World’s Languages. Oxford: Blackwell Publishers, 2009.

LAMBERT, W. E. et al. Evaluational reactions to spoken languages. The Journal of Abnormal and Social Psychology, v. 60, n. 1, p. 44–51, 1960. DOI: https://doi.org/10.1037/h0044430

LEITE, C. M. B. Atitudes lingüísticas: a variante retroflexa em foco. Dissertação de mestrado—Campinas: Universidade de Campinas, 2004. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/268969

LEITE, C. M. B. O /r/ em posição de coda silábica no falar campineiro. Tese de doutorado—Campinas, SP: Universidade de Campinas, 2010. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/268968

LINDAU, M. The story of r. In: FROMKIN, V. A. (ed.). Phonetic Linguistics. Orlando: Academic Press, 1985.

MENDES, R. B.; OUSHIRO, L. Percepções sociolinguísticas sobre as variantes tepe e retroflexa na cidade de São Paulo. In: DA HORA, D.; NEGRÃO, E. V. (ed.). Estudos da linguagem: casamento entre temas e perspectivas. João Pessoa: Ideias, 2011. p. 229–245.

MENDES, R. B.; OUSHIRO, L. O paulistano no mapa sociolinguístico brasileiro. ALFA: Revista de Linguística, v. 56, n. 3, p. 973–1001, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S1981-57942012000300011

OUSHIRO, L. Identidade na pluralidade: avaliação, produção e percepção linguística na cidade de São Paulo. Tese de doutorado—São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015. DOI:

OUSHIRO, L. A computational approach for modeling the indexical field. Revista de Estudos da Linguagem, v. 27, n. 4, p. 1737–1786, 2019. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.0.0.1737-1786

PRESTON, D. R. Language with an Attitude. In: CHAMBERS, J. K.; SCHILLING, N. (ed.). The Handbook of Language Variation and Change. Oxford, UK: John Wiley & Sons, 2013. p. 157–182. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118335598.ch7

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. [s.l.] R Foundation for Statistical Computing, 2018. Disponível em: https://www.r-project.org/.

SORIANO, L. G. M. Percepções sociofonéticas do (-r) em São Paulo. Dissertação de mestrado—São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016. DOI:

WATSON, K.; CLARK, L. Exploring listeners’ real-time reactions to regional accents. Language Awareness, v. 24, n. 1, p. 38–59, 2015. DOI: https://doi.org/10.1080/09658416.2014.882346

Downloads

Publicado

17.06.2022

Como Citar

SILVEIRA, G. de C. P. da . Efeitos do abaixamento na frequência do terceiro formante na pronúncia aproximante do /r/ em coda sobre a percepção social de falantes em São Bernardo do Campo. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 16, n. 3, p. 928–952, 2022. DOI: 10.14393/DL51-v16n3a2022-2. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/59761. Acesso em: 26 jul. 2024.