Resolução de ambiguidade anafórica em português, inglês e espanhol

comparação de dados obtidos com falantes de PE e PB

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL49-v16n1a2022-2

Palavras-chave:

Ambiguidade, Estratégias linguísticas, Resolução de anáfora

Resumo

Este artigo dá continuidade a um estudo piloto e compara os dados obtidos com falantes portugueses e brasileiros na tarefa de resolução de ambiguidade anafórica em português, inglês e espanhol. As respostas foram comparadas, também, às respostas de falantes nativos das línguas estrangeiras. A análise baseia-se em um questionário online respondido por 52 estudantes universitários no Brasil e em Portugal. O instrumento investigou a resolução de anáfora intrafrásica, considerando como variáveis a ordem das orações, a saliência ou não do sujeito, e a escolha dos verbos. Concluiu-se que, em português e espanhol, os falantes pareciam seguir a Estratégia da Posição do Antecedente (CARMINATI, 2002) nas frases consideradas “neutras” semanticamente, mas não nas “tendenciosas”. Em relação à língua inglesa, os falantes nativos tendiam a interpretar o pronome em posição de sujeito da oração subordinada como correferente ao sujeito da oração principal. Os aprendizes de inglês, por outro lado, mostraram-se geralmente indecisos quanto à melhor alternativa. Esta pesquisa contribui para o estado da arte não apenas por explicitar critérios para a construção das frases do teste e por realizar um estudo comparativo em três línguas, mas também por tentar demonstrar, com dados quantitativos, que, ao determinar a escolha dos verbos, altera-se a estratégia utilizada para a resolução da ambiguidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Amanda Maraschin Bruscato, Universidade do Algarve

Doutoranda em Ciências da Linguagem na Universidade do Algarve.

Jorge Manuel Evangelista Baptista, Universidade do Algarve

Doutor em Linguística e Professor na Universidade do Algarve.

Referências

AKMAJIAN, A.; JACKENDOFF, R. Coreferentiality and stress. Linguistic inquiry, v. 1, n. 1, p. 124-126, 1970.

ALMOR, A. Noun-phrase anaphora and focus: The informational load hypothesis. Psychological review, v. 106, n. 4, p. 748-765, 1999. DOI https://doi.org/10.1037/0033-295X.106.4.748

ALONSO-OVALLE, L.; FERNÁNDEZ-SOLERA, S.; FRAZIER, L.; CLIFTON, C. Null vs. overt pronouns and the topic-focus articulation in Spanish. Italian Journal of Linguistics, v. 14, p. 151-170, 2002.

ARIEL, M. Accessing noun-phrase antecedents. Routledge, 1990.

BAPTISTA, J. ViPEr: uma base de dados de construções léxico-sintáticas de verbos do Português Europeu. Actas do XXVIII Encontro da APL-Textos Selecionados, p. 111-129, 2013.

BRUSCATO, A. M.; BAPTISTA, J. Resolução de ambiguidade anafórica em português, inglês e espanhol (estudo-piloto). Alfa, no prelo.

CABANA, N. Da realização do sujeito no Português do Brasil: um estudo em tempo real do uso do sujeito nulo na fala de Belo Horizonte/MG. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, 2004.

CARMINATI, Maria. The processing of Italian subject pronouns. Tese de doutoramento, University of Massachusetts, 2002.

CHAMBERS, C. G.; SMYTH, R. Structural parallelism and discourse coherence: A test of centering theory. Journal of Memory and Language, v. 39, n. 4, p. 593-608, 1998. DOI https://doi.org/10.1006/jmla.1998.2575

CHOMSKY, N. Lectures on Government and Binding: The Pisa Lectures. Dordrecht: Foris, 1981.

COUNCIL OF EUROPE. Common European Framework of Reference for Languages: Learning, teaching, assessment. Companion volume with new descriptors. Strasbourg: Council of Europe Publishing, 2018.

CRAWLEY, R. A.; STEVENSON, R. J.; KLEINMAN, D. The use of heuristic strategies in the interpretation of pronouns. Journal of Psycholinguistic Research, v. 19, n. 4, p. 245-264, 1990. DOI https://doi.org/10.1007/BF01077259

DUARTE, M. A perda do princípio “evite pronome” no português brasileiro. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 1995.

DUARTE, M. The loss of the ‘avoid pronoun’ principle in Brazilian Portuguese. In: KATO, M. A.; NEGRÃO, E. V. (ed.). Brazilian Portuguese and the null subject parameter. Madrid: Iberoamericana, p. 17-36, 2000. DOI https://doi.org/10.31819/9783964561497-002

GERNSBACHER, M. A.; HARGREAVES, D. J. Accessing sentence participants: The advantage of first mention. Journal of memory and language, v. 27, n. 6, p. 699-717, 1988. DOI https://doi.org/10.1016/0749-596X(88)90016-2

GORDON, P. C.; GROSZ, B. J.; GILLIOM, L. A. Pronouns, names, and the centering of attention in discourse. Cognitive science, v. 17, n. 3, p. 311-347, 1993. DOI https://doi.org/10.1207/s15516709cog1703_1

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Cohesion in English. London: Longman, 1976.

HOLMBERG, A.; NAYUDU, A.; SHEEHAN, M. Three partial null‐subject languages: a comparison of Brazilian Portuguese, Finnish and Marathi. Studia Linguistica, v. 63, n. 1, p. 59-97, 2009. DOI https://doi.org/10.1111/j.1467-9582.2008.01154.x

HUANG, Y. Anaphora: A Cross-Linguistic Study. Oxford: Oxford University Press, 2000.

IBM Corporation. IBM SPSS Statistics for Windows, version 26. Armonk: IBM Corporation, 2019.

KATO, M. A.; NEGRÃO, E. V. (ed.). Brazilian Portuguese and the null subject parameter. Vervuert, 2000. DOI https://doi.org/10.31819/9783964561497

KAZANINA, N.; LAU, E. F.; LIEBERMAN, M.; YOSHIDA, M.; PHILLIPS, C. The effect of syntactic constraints on the processing of backwards anaphora. Journal of Memory and Language, v. 56, n. 3, p. 384-409, 2007. DOI https://doi.org/10.1016/j.jml.2006.09.003

KEMPCHINSKY, P. Brazilian Portuguese and the null subject parameter. Mester, v. 13, n. 2, 1984.

LEVINSON, S. C. Pragmatics and the grammar of anaphora: A partial pragmatic reduction of binding and control phenomena. Journal of linguistics, v. 23, n. 2, p. 379-434, 1987. DOI https://doi.org/10.1017/S0022226700011324

LEZAMA, C. Processing repeated names, overt pronouns, and null reference in Spanish. Tese de doutoramento, University of South Carolina, 2008.

LOBO, M.; SILVA, C. G. de A. G. da. Ambiguidade pronominal em orações adverbiais do Português Europeu. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, vol. 2, n. 2, p. 319-338, 2016. DOI https://doi.org/10.21747/2183-9077/rapl2a14

LUJÁN, M. Stress and binding of pronouns. Chicago Linguistic Society, vol. 22, n. 2, p. 248-262, 1986.

MAIA, J. O processamento de expressões correferenciais em português. Tese de doutoramento, Universidade Federal de Minas Gerais, 2013.

NASCENTES, A. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 2 vol. Rio de Janeiro: Oficinas gráficas do Jornal do Comércio, 1955.

RIZZI, L. Issues in Italian Syntax. Dordrecht: Foris, 1982. DOI https://doi.org/10.1515/9783110883718

SORACE, A.; FILIACI, F. Anaphora resolution in near-native speakers of Italian. Second Language Research, v. 22, n. 3, p. 339-368, 2006. DOI https://doi.org/10.1191/0267658306sr271oa

SZWEDEK, A. The role of sentence stress in the interpretation of coreferentiality in English and Polish. In: FISIAK, J. (ed.) Theoretical Issues in Contrastive Linguistics. Amsterdam: John Benjamins Publishing, p. 377-387, 1980. DOI https://doi.org/10.1075/cilt.12.30szw

TARALLO, F. Diagnosticando uma gramática brasileira: o português d’aquém e d’além-mar ao final do século XIX. In: ROBERTS, I.; KATO, M. A. (org.). Português Brasileiro: uma viagem diacrônica. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.

TORIBIO, A. J. Setting parametric limits on dialectal variation in Spanish. Lingua, v. 110, n. 5, p. 315-341, 2000. DOI https://doi.org/10.1016/S0024-3841(99)00044-3

VALENZUELA, E.; LICERAS, J. M.; LÓPEZ-MORELOS, P. Ambiguous anaphora in L2 English and L2 Spanish. Boston University Conference on Language Development. 2011.

VAN GOMPEL, R. P. G; LIVERSEDGE, S. P. The influence of morphological information on cataphoric pronoun assignment. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition, v. 29, n. 1, p. 128-139, 2003. DOI https://doi.org/10.1037/0278-7393.29.1.128

Downloads

Publicado

06.01.2022

Como Citar

BRUSCATO, A. M.; BAPTISTA, J. M. E. Resolução de ambiguidade anafórica em português, inglês e espanhol: comparação de dados obtidos com falantes de PE e PB. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 16, n. 1, p. 41–69, 2022. DOI: 10.14393/DL49-v16n1a2022-2. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/58885. Acesso em: 26 jul. 2024.