A mudança na produção de fricativas em coda medial por uma criança recifense residente em João Pessoa
DOI:
https://doi.org/10.14393/DL40-v13n4a2019-8Palavras-chave:
Fricativa coronal em coda medial, Variação linguística, Aquisição da linguagem, Acomodação dialetalResumo
Este estudo compara a produção de fricativas em coda medial de uma informante recifense de 10 anos, residente em João Pessoa-PB, com a produção de duas crianças pessoenses e duas recifenses de mesma idade, que nunca saíram de sua comunidade de fala, averiguando em que medida a criança que mudou de cidade assimilou o dialeto pessoense. A diferença entre o comportamento da fricativa em Recife-PE, onde predomina a forma palatalizada (MACEDO, 2004), e em João Pessoa-PB, onde predomina a forma alveolar (HORA, 2003), suscitou a seleção da variável. Coletaram-se amostras de fala mediante inquérito fonético, leitura monitorada e entrevista semiestruturada. As palavras dos primeiros instrumentos foram escolhidas pensando-se no contexto fonológico anterior e seguinte, considerados como variáveis independentes para a aplicação da regra de palatalização. Analisaram-se as fricativas no Praat (BOERSMA; WEENINK, 2009) atentando para o pico espectral, que indicou o grau de palatalização (HENRIQUE et al., 2015), considerado como variável dependente. Como resultados, constatou-se que as fricativas produzidas pela informante recifense, residente em João Pessoa, não apresentaram diferença significativa com relação às crianças pessoenses, diferentemente das produzidas pelas crianças recifenses. Inferiu-se, portanto, que a criança assimilou o dialeto da comunidade onde vive atualmente, que tem apenas o contexto coronal /t/ e /d/ como gatilho para a palatalização. Analisam-se esses resultados à luz do processo de aquisição do segmento fricativo em coda por crianças (OLIVEIRA, 2002; MEZZOMO, 2003; BERTI, 2006) e de novas perspectivas inerentes à Sociolinguística e à comunidade de fala (LABOV, 2008; GUY, 2000).
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