O fenômeno dêitico e o processo de flexão (pro)nominal na Libras
DOI:
https://doi.org/10.14393/DL35-v12n3a2018-12Palavras-chave:
Sinais dêiticos, Flexão, LibrasResumo
Neste artigo discorremos sobre o uso e a relação dos sinais dêiticos pessoais como responsáveis pelo processo de concordância verbal na Libras. Além de defendermos que, os sinais dêiticos se flexionam do mesmo modo que os sinais nominais, isto é, recebem itens sublexicais distintos para indicar um ou outro sentido, também apontamos que esses sinais, devido ao processo de evolução natural das línguas naturais, evoluem dando origem a novas formas, como o sinal do pronome possessivo NOSSO, já que na Libras encontramos sinais distintos para esse sentido de posse. Desse dado, aliado aos estudos de Meier & Lillo-Martin (2013), e pautados em teóricos como Meier (1990), Ferreira (2010), Thompson et al (2013) dentre outros, indicamos que esses sinais dêiticos vêm se incorporando, ao longo do tempo, aos verbos simples e ganham movimento no espaço neutro, indicados por moduladores espaciais, ou seja, transformam-se em verbos não simples – pois se deslocam espacialmente para concordar com o sujeito e/ou objeto. Esse fenômeno nos possibilitou ‘enxergar’ que o caráter gestual nessa língua, devido o ato de apontar, ganhou novas possibilidades de uso e de sentido, assumindo então várias funções, às vezes concomitantemente, como descrito por esses teóricos. Desse modo, concluímos que esses sinais possuem uma capacidade para se comportar do mesmo modo que os sinais lexicais, mas sem perder seu caráter dêitico de apontar, de indicar e de localizar. E que, portanto, são responsáveis pelo processo de concordância verbal seja incorporado aos verbos não simples seja quando acompanham os verbos simples.Downloads
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