Júri (dis)simulado

proposta de atividade para o estudo do gênero textual/discursivo “depoimento pessoal” sob o viés da oralidade e da variação linguística

Autores

  • Carla Beatriz Frasson Universidade Federal de Uberlândia
  • Marlúcia Maria Alves Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL30-v11n3a2017-7

Palavras-chave:

Ensino de língua portuguesa, Gêneros textuais/discursivos, Oralidade, Variação linguística

Resumo

Este artigo evidencia que o trabalho adaptado com o júri escolar, aqui designado como “Júri (dis)simulado”, configura-se como uma prática de letramento realizada num contexto significativo de aprendizagem. Respaldamo-nos teoricamente em Bakhtin (2003), Bortoni-Ricardo e Dettoni (2001), Hilgert (1996), Marcuschi (2008), dentre outros. Por meio desse artigo, apresentamos uma proposta de material didático que estimule nos alunos, sobretudo, a leitura e análise do gênero textual/discursivo “depoimento pessoal”, buscando ultrapassar os limites da consciência ingênua para a consciência crítica desse gênero, reconhecendo as intenções explícitas e implícitas nele transmitidas. A atividade didática aqui proposta possibilita aos estudantes um momento orientado de estudo, focando de maneira crítica e analítica o continuum oralidade e escrita desse gênero, bem como a observação da importância de questões como respeito ao turno conversacional, assalto ao turno, marcas de oralidade, entonação das frases e intensidade da voz, dentre outros fatores. Permeando essas questões, também objetivamos possibilitar atividades de reflexão sobre a língua e a linguagem, desconstruindo falsas crenças e preconceitos linguísticos de que há uma variedade linguística melhor ou superior a outras. Por meio do “Júri (dis)simulado”, pretendemos promover o trabalho não só com as variedades de maior prestígio, mas também com as variedades por vezes estigmatizadas pela maior parte da sociedade e que, frequentemente, são utilizadas pelos alunos. Assim, as atividades objetivam também valorizar as variedades de não prestígio que caracterizam a identidade dos alunos e que se fazem presentes no gênero textual/discursivo “depoimento pessoal”, para, então, desenvolvemos competências de uso da variedade culta da própria língua.

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Biografia do Autor

Carla Beatriz Frasson, Universidade Federal de Uberlândia

Possui licenciatura em Letras pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (2005). Atualmente, participa do Mestrado Profissional em Letras, promovido pela Universidade Federal de Uberlândia (MG).

Marlúcia Maria Alves, Universidade Federal de Uberlândia

Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992), graduação em Letras - Língua Francesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), mestrado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). Atualmente atua como Professor Adjunto 4 no curso de Letras (licenciatura) no Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia. Atua também no PROFLETRAS na categoria de professor permanente.

Referências

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Publicado

10.06.2017

Como Citar

FRASSON, C. B.; ALVES, M. M. Júri (dis)simulado: proposta de atividade para o estudo do gênero textual/discursivo “depoimento pessoal” sob o viés da oralidade e da variação linguística. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 11, n. 3, p. 580–599, 2017. DOI: 10.14393/DL30-v11n3a2017-7. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/37289. Acesso em: 23 dez. 2024.