Arte como Educação – consciência de ser, sentir e saber para um fazer-sendo biogeográfico descolonizado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v38a2024-74839

Palavras-chave:

Historiografia, Ensino de Arte, Pedagogia Descolonial, BIOgeografias

Resumo

Resumo: O presente artigo discute a condição da História da Arte Universal ocidental como saber disciplinar no ensino de Artes Visuais no Brasil, pensando também na América Latina, nos cursos de Artes, a exemplo de Dança e Teatro – licenciaturas da UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. A emergência da discussão é (re)verificarmos a obrigatoriedade da disciplina, no conteúdo curricular universitário e para o Ensino de Arte na Educação Básica no Brasil que se pautam, quase exclusivamente, nas Histórias e Pedagogias estrangeiras. Pois, tal situação, da perspectiva epistemológica descolonial biogeográfica fronteiriça como contramétodo moderno, excluiu as Histórias das artes e as Pedagogias Latino-Americanas plurais “por opção” aos processos históricos e de dependências cultural e colonial controladores. Ancorado no pensamento descolonial e cultural, que estão para além de revisão daqueles pressupostos modernos, mas que propõem (re)verificações dos fatos (im)postos aos sujeitos, locais, corpos e narrativas (BIOgeocorpografias) fronteiriços, este trabalho evidenciará alternativas outras à disciplina de História da Arte por meio de Pedagogias outras que requerem a descolonização do pensamento para que as histórias e formas de produção de conhecimentos que a colonialidade dos poderes instituídos na América Latina anularam possam emergir na Educação por meio de um Ensino com arte. A ideia principal é evidenciar epistemicamente o porquê da presença quase inconteste da História da Arte (supostamente) Universal nas escolas e universidades, a fim de apresentar algumas prováveis lições que devem ficar como aprendizados descoloniais do aprender a desaprender para reaprender a fazer-sendo arte, cultura e produção de conhecimentos por meio da Arte.

Palavras-chave: Historiografia; Ensino de Arte; Pedagogia Descolonial; BIOgeografias.

Art as Education – awareness of being, feeling and knowing for a decolonized biogeographical doing-being

Abstract: This article discusses the condition of the History of Western Universal Art as disciplinary knowledge in the teaching of Visual Arts in Brazil, thinking also of Latin America, in Arts courses, such as Dance and Theater – degrees from UEMS – State University of Mato Grosso do Sul. The reason for the discussion is to (re)verify the compulsory nature of the subject in the university curriculum and for the teaching of art in basic education in Brazil, which is based almost exclusively on foreign histories and pedagogies. This situation, from a decolonial biogeographical border epistemological perspective as a modern counter-method, has excluded plural Latin American Art Histories and Pedagogies “by choice” from the controlling historical processes and cultural and colonial dependencies. Anchored in decolonial and cultural thinking, which go beyond revising those modern assumptions, but which propose (re)verifications of the facts (im)placed on border subjects, places, bodies and narratives (BIOgeocorpographies), this work will highlight other alternatives to the subject of Art History through other Pedagogies that require the decolonization of thought so that the histories and forms of knowledge production that the coloniality of the powers instituted in Latin America have annulled can emerge in Education through Teaching with Art. The main idea is to epistemically highlight the reason for the almost uncontested presence of (supposedly) Universal Art History in schools and universities, in order to present some probable lessons that should remain as decolonial learnings of learning to unlearn in order to relearn how to do-being art, culture and the production of knowledge through Art.

Keywords: Historiography; Art Teaching; Decolonial Pedagogy; BIOgeographies.

El arte como educación – conciencia de ser, sentir y conocer para un hacer-ser biogeográfico descolonizado

Resumen: Este artículo discute la condición de la Historia del Arte Universal Occidental como saber disciplinar en la enseñanza de las Artes Visuales en Brasil, pensando también en América Latina, en cursos de Artes, como Danza y Teatro – carreras de la UEMS – Universidad Estadual de Mato Grosso do Sul. El motivo de la discusión es (re)verificar la obligatoriedad de la asignatura en los currículos universitarios y en la enseñanza del arte en la educación básica en Brasil, basada casi exclusivamente en historias y pedagogías extranjeras. Esta situación, desde la perspectiva de la epistemología fronteriza biogeográfica decolonial como contra-método moderno, ha excluido “por elección” a las historias y pedagogías plurales del arte latinoamericano de los procesos históricos de control y de las dependencias culturales y coloniales. Anclado en el pensamiento decolonial y cultural, que van más allá de revisar esos supuestos modernos, sino que proponen (re)verificaciones de los hechos (im)puestos en sujetos, lugares, cuerpos y narrativas fronterizas (BIOgeocorpografías), este trabajo destacará otras alternativas a la asignatura de Historia del Arte a través de otras Pedagogías que requieren la descolonización del pensamiento para que emerjan en la Educación a través de la Enseñanza con Arte las historias y formas de producción de conocimiento que la colonialidad de los poderes instituidos en América Latina han anulado. La idea principal es resaltar epistémicamente el porqué de la presencia casi incontestable de la (supuesta) Historia Universal del Arte en las escuelas y universidades, para presentar algunas probables lecciones que deberían quedar como aprendizajes decoloniales de aprender a desaprender para volver a aprender a hacer-ser arte, cultura y producción de conocimiento a través del Arte.

Palabras clave: Historiography; Art Teaching; Decolonial Pedagogy; BIOgeographies.

 

Data de registro: 12/08/2024

Data de aceite: 19/02/2025

Downloads

Biografia do Autor

Referências

BARBOSA, Ana Mae (Org.). Ensino da arte: memória e história. São Paulo: Perspectiva, 2008.

BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.

BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação pós colonialista no Brasil: aprendizagem triangular. Comunicação & Educação, USP, v. 1, n. 2, p. 59-64, 1995. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v0i2p59-64. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36136/38856. Acesso em: 26 ago. 2017.

BARBOSA, Ana Mae. Uma introdução à Arte/Educação contemporânea. In: BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/Educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. p. 11-24.

BASÍLIO, Ana Luiza. Veja cinco pontos para qualificar a formação docente, segundo António Nóvoa. Centro de Referências em Educação Integral, Notícias e Reportagens, 29 de julho de 2016. Disponível em: http://educacaointegral.org.br/reportagens/veja-cinco-pontos-para-qualificar-formacao-docente-segundo-antonio-novoa/. Acesso em: 27 ago. 2017.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. ““A LÍNGUA É O CHICOTE DO CORPO”. VIVER ENTRE-LÍNGUAS. DESCOLONIALIDADE. DESLINGUAJAMENTO.”. Acervo do autor, Campo Grande, 2024. (No prelo).

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Arte, cultura, educação, COVID-19 & o pensamento descolonial crítico biogeográfico fronteiriço: por uma pedagogia/filosofia da libertação de corpos, almas e fazeres culturais. Filosofia e Educação, Campinas, v. 13, n. 1, p. 1.964-1.995, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/rfe.v13i1.8662003. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8662003. Acesso em: 20 mar. 2025.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Biogeografias Ocidentas/Orientais: (i)migrações do bios e das epistemologias artísticas no front. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 8, n. 15, p. 97-144, 2016.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. DESCOLONIZAR O PENSAMENTO PARA DESPRENDER-SE DO COMPARAR, E, PARA NÃO TEORIZAR DECOLONIAL COMO APREENDIDO: comparar-se é um ato de fraqueza. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 1 n. 30, p. 165-201, 2024a. DOI: https://doi.org/10.55028/cesc.v1i30.22077. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22077. Acesso em: 20 mar. 2025.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Ensino de Artes X Estudos Culturais: para além dos muros da escola. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. EXPERIVIVÊNCIAS BIOGEOGRÁFICAS FRONTEIRIÇAS COMO PRÁTICA EPISTÊMICA DESCOLONIAL. In: JITSUMORI, Carlos Igor de Oliveira; NOLASCO, Edgar Cézar; MACHADO, Fábio Pereira do Vale (Orgs.). Pedagogias e práticas educacionais: ancoragens político-descoloniais contemporâneas [livro eletrônico]. Campo Grande: Editora Ecodidática, 2022. p. 117-134. DOI: https://doi.org/10.56713/editoraecodidatica/99662966.7.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Pedagogias da diversalidade. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v.1, p. 61-68, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/9691. Aceso em: 18 mai. 2024.

BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. Por Que Políticos Insistem Em Ter (Ódio E) Menos Artes/Humanidades/Filosofias Nas Escolas E Universidades? O ESTADO MATO GROSSO DO SUL. Cadernos A2, n. 6.908, Campo Grande, 14 de março de 2025. Disponível em: https://edicaodigital.oestadoonline.com.br/14-03-2025. Acesso em: 20 mar. 2025.

BESSA-OLIVERIA, Marcos Antônio. O que você espera da arte diante do atual cenário de exigências universitárias?: Um olhar descolonial-docente sobre as lógicas de “inovação, tecnologia, internacionalização”, flexibilização, extensão e sustentabilidade na UEMS. Revista Camalotes, Campo Grande, v. 3 n. 2, 2024b. DOI: https://doi.org/10.62559/recam.v3i2.103. Disponível em: https://periodicos.insted.edu.br/recam/article/view/103. Acesso em: 20 mar. 2025.

BESSA-OLIVIERA, Marcos Antônio. REPETIMOS A FAÇANHA DE 1922, MAS NÃO GOSTEI. E AGORA, O QUE SERÁ DO FUTURO?: CRIAÇÕES BioGeoCorpoGráficas EM ARTES VISUAIS. Cadernos de Estudos Culturais, Campo Grande, v. 1 n. 29, p. 71-108, 2023. DOI: https://doi.org/10.55028/cesc.v1i29.19842. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/19842. Acesso em: 20 mar. 2025.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 27 ago. 2017.

CASTRO-GÓMEZ; GOSFOGUEL, Ramón. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GOSFOGUEL, Ramón. (Comps.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 9-24.

DUSSEL, Enrique D. Filosofia da libertação: filosofia na América Latina. Trad. Luiz João Galo. São Paulo, Edições Loyola, 1977.

DUSSEL, Enrique D. Método para uma filosofia da libertação: superação analética da dialética hegeliana. Trad. Jandir João Zanotelli. São Paulo: Edições Loyola, 1986.

DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade: Conferências em Frankfurt. Trad. Jaime A. Clasen. Petrópolis: Vozes, 1993.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre a colonialidade do ser: contribuições para o desenvolvimento de um conceito. Rio de Janeiro: Via Verita, 2022.

MIGNOLO, Walter D. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GOSFOGUEL, Ramón. (Comps.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 25-46.

MIGNOLO, Walter D. HABITAR LA FRONTERA: Sentir y pensar la descolonialidad (Antología, 1999-2014). Francisco Carballo y Luis Alfonso Herrera Robles (Prólogo y selección). Interrogar la actualidad, n.o 36. Barcelona: Edicions Bellaterra, S.L., 2015.

MIGNOLO, Walter D. Histórias locais / projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

MIGNOLO, Walter D. Prefacio. In: ZULMA, Palermo. Para una pedagogía decolonial. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014. p. 7-13.

MIGNOLO, Walter D.; TLOSTANOVA, Madina. Habitar los dos lados de la frontera/teorizar en el cuerpo de esa experiencia. Revista IXCHEL, San José, v. 1, n. 1, p. 1-22, 2009. Disponível em: http://www.revistaixchel.org/attachments/047_Habitar%20los%20dos%20lados%20art_%20Walter%20Mignolo.doc%29.pdf. Acesso em: 30 mai. 2013.

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa; CÂMARA, Michelle Januário. Reflexões sobre currículo e identidade: implicações para a prática pedagógica. In: MOREIRA, Antonio Flávio; CANDAU, Vera Maria (Orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 13-37.

NOLASCO, Edgar Cézar. A (des)ordem epistemológica do discurso fronteiriço. In: BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio et al. (Orgs.). Fronteiras Platinas em Mato Grosso do Sul (Brasil/Paraguai/Bolívia): biogeografias na arte, crítica biográfica fronteiriça, discurso indígena e literatura de fronteira. Campinas: Pontes Editores, 2017. p. 65-93.

QUIJANO, Aníbal. Aníbal Quijano: ensayos en torno a la colonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2019.

SANTIAGO, Silviano. Ensaios antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2013.

SANTOS, Boaventura de Sousa; HISSA, Cássio E. Viana. Transdisciplinaridade e ecologia de saberes. In: HISSA, Cássio E. Viana (Org.). Conversações: de artes e de ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. p. 17-34.

SKLIAR, Carlos. A escrita na escrita: Derrida e Educação. In: SKLIAR, Carlos. (Org.). Derrida & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 9-34.

Downloads

Publicado

2025-03-24

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Arte como Educação – consciência de ser, sentir e saber para um fazer-sendo biogeográfico descolonizado. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 38, p. 1–43, 2025. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v38a2024-74839. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/74839. Acesso em: 1 abr. 2025.