O mundo somos nós: alteridade e experiência de infância na educação de crianças

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v39a2025-71977

Palavras-chave:

Educação; Alteridade; Experiência; Infância

Resumo

Resumo: A crescente tendência de substituir o ato de educar crianças pelo ensino instrumental de competências e habilidades nos conduz a interrogar a ação implicada pela palavra educação como luta pelo seu sentido. A opção pelo caminho filosófico segue a interrogação como método, como caminho que educa pela condição de abertura em nós a novos começos. A intenção não é explicar ou conceituar o significado da palavra educação, mas destacar a impossibilidade de torná-la um “dever-ser” no encontro entre crianças e adultos nos espaços e tempos coletivos da Educação Infantil. As palavras alteridade, experiência e infância contribuem na busca por sentidos que permitam pensar “nós” como dimensão comum e anônima da vida compartilhada. Sentidos que permitam pensar educação como encontro entre nós, como ser-com, como movimento existencial de co-implicação inscrito ao mesmo tempo em um corpo e em um mundo comum. O mundo somos nós pelo inacabamento da condição humana, na qual o outro é nossa abertura ao mundo, como possibilidade de experienciar a vida pela infância que inauguramos ao nos dispor estar sendo no mundo – com o mundo.

Palavras-chave: Educação; Educação Infantil; Alteridade; Experiência; Infância.

We are our own world: alterity and childhood experience in the education of children 

Abstract: The growing trend of replacing the act of educating children with the instrumental teaching of competencies and skills prompts us to question the action implied by the word ‘education’ as a struggle for its meaning. Choosing the philosophical path follows questioning as a method, as a way that educates through the condition of openness to new beginnings within us. The intention is not to explain or conceptualize the meaning of the word ‘education’ but to highlight the impossibility of making it a ‘should be’ in the encounter between children and adults in the collective spaces and times of Early Childhood Education. The words alterity, experience, and childhood contribute to the search for meanings that allow us to think of ‘us’ as a common and anonymous dimension of shared life. These meanings enable us to think of education as an encounter among us, as being with us, as an existential movement of mutual implication inscribed simultaneously in a body and a common world. We are the world through the incompleteness of the human condition, in which the other is our opening to the world, as a possibility to experience life through the childhood that we inaugurate by choosing to be in the world – with the world.

Keywords: Education; Early Childhood Education; Alterity; Experience; Childhood.

El mundo somos nosotros: alteridad y experiencia infantil en la educación de niños

Resumen: La creciente tendencia de sustituir la educación tradicional a los niños por la enseñanza instrumental de competencias y habilidades, nos lleva a cuestionar el acto que implica la palabra educación, en su lucha por tener sentido. La opción de la corriente filosófica sugiere el cuestionamiento como un método, como un camino que educa a través de la capacidad que tenemos a los nuevos comienzos. La intención no es explicar o conceptualizar el significado de la palabra educación, sino destacar que no es necesario hacer de ella un “deber ser” en el encuentro entre niños y adultos en los espacios y tiempos colectivos de la Educación Infantil. Las palabras alteridad, experiencia e infancia contribuyen en la búsqueda de significados que permiten pensar el "nosotros" como una dimensión común y anónima de la vida compartida. Significados que permiten pensar la educación como un encuentro entre nosotros, como ser-con, como un movimiento existencial de co-implicación inscrito al mismo tiempo en un cuerpo y en un mundo común. El mundo somos nosotros, por el carácter inconcluso de la condición humana, en la que el otro es nuestra apertura al mundo, como posibilidad de experimentar la vida a través de la infancia que comenzamos al permitirnos estar en el mundo – com el mundo.

Palabras clave: Educación; Educación Infantil; Alteridad; Experiencia; Infancia.

Data de registro: 02/01/2024

Data de aceite: 23/04/2025

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

Referências

ADRIÃO, Theresa. Dimensões e formas da privatização da Educação no Brasil: caracterização a partir de mapeamento de produções nacionais e internacionais. Currículo sem Fronteiras, [online], v. 18, p. 8-28, 2018. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol18iss1articles/adriao.html.

ADRIÃO, Theresa et al. Grupos empresariais na educação básica pública brasileira: limites à efetivação do direito à educação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 37, n. 134. p. 113-131, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/ES0101-73302016157605.

ARENDT, Hannah. A condição humana. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2020.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016.

BIESTA, Gert. Para além da aprendizagem. Educação democrática para um futuro humano. Trad. Rosaura Eichemberg. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CEB n. 05, de 17 de dezembro de 2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Por uma política de formação do profissional de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002343.pdf. Acesso em: 11 mai. 2025.

CORREIA, Adriano. Natalidade e amor mundi: sobre a relação entre educação e política em Hannah Arendt. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 811-822, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022010000300011.

DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.

GARCÈS, Marina. Anonimato y subjetividad. Una lectura de Merleau-Ponty. Daimon Revista Internacional de Filosofía, Murcia, n. 44, p. 133-142, 2008. Disponível em: https://revistas.um.es/daimon/article/view/96441.

GARCÈS, Marina. Un mundo común. Barcelona: Edicions Bellaterra, 2013.

GARCÈS, Marina. El contratiempo de la emancipación. In: GARCÉS, Marina et al. (Orgs.). Pedagogías y emancipación. Barcelona: Arcadia-Macba, 2020. p. 21-48.

GARCÈS, Marina. Um mundo entre nós. Belo Horizonte: Chão da Feira, 2023. (Coleção Caderno de Leituras).

GARCÈS, Marina. Escola de aprendizes. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2023.

KOHAN, Walter Omar. Infância. Entre educação e filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

KOHAN, Walter Omar (Org.). Lugares da infância: filosofia. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

KOHAN, Walter Omar. Paulo Freire: um menino de 100 anos. Rio de Janeiro: NEFI, 2021.

KOHAN, Walter Omar. Visões de filosofia: infância. ALEA, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 216-226, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1517-106X/172-216.

LARROSA, Jorge. Tremores: escritos sobre experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

LARROSA, Jorge. Experiência e alteridade em educação. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 2, p. 4-27, 2011. DOI: https://doi.org/10.17058/rea.v19i2.2444.

LARROSA, Jorge (Org.) La educación pública y la domesticación de la democracia. Buenos Aires: MiñoYDávila, 2011.

MASSCHELEIN, Jan; SIMONS, Maarten (Ee.). Mensajes e-ducativos desde tierra de nadie. Barcelona: Laertes, 2006.

MENDES, Luciano. O MEC e a reforma do Ensino Médio. Avaliação Educacional, Campinas, SP, 21 dez. 2023. Disponível em: https://avaliacaoeducacional.com/. Acesso em: 22 dez. 2023.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. Trad. Maria Ermantina G. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2018.

MERLEAU-PONTY, Maurice. A percepção do outro e o diálogo. In: MERLEAU-PONTY, Maurice. A prosa do mundo. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Cosac&Naify, 2002. p. 163-180.

PERONI, Vera Maria Vidal; SUSIN, Maria Otilia Kroeff; MONTANO, Monique. A Relação Público-Privada na Oferta da Educação Infantil em Porto Alegre. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 46, n. 3, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/2175-6236105676.

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

SKLIAR, Carlos. La infancia, la niñez, las interrupciones. Childhood & Philosophy, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 67-81, 2012. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20738.

SIMONS, Maarten; MASSCHELEIN, Jan. ¿Odio a la democracia ... y al rol público de la educación? In: SIMONS, Maarten; MASSCHELEIN, Jan; LARROSA, Jorge (Orgs.). Jacques Rancière. La educación pública y la domesticación de la democracia. Buenos Aires: Miño y Dávila Editores, 2011. p. 11-40.

STEINER, George. Gramáticas da Criação. São Paulo: Globo, 2003.

TIRIBA, Lea. Educar e cuidar ou, simplesmente, educar? Buscando a teoria para compreender discursos e práticas. In: 28ª REUNIÃO ANUAL DA ANPED, Caxambu, Anais..., 2005. Disponível em: https://legado.anped.org.br/sites/default/files/gt07939int.pdf. Acesso em: 11 mai. 2025.

Downloads

Publicado

2025-12-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

RICHTER, Sandra Regina Simonis; FERREIRA DOS SANTOS, Carina. O mundo somos nós: alteridade e experiência de infância na educação de crianças. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 39, p. 1–27, 2025. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v39a2025-71977. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/71977. Acesso em: 30 dez. 2025.