Mania divina
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v38a2024-70339Palavras-chave:
Fedro, Mania Divina, Inspiração, FilosofiaResumo
Aproximem-se um pouco, filhas de Júpiter! Vou demonstrar que o único acesso a essa sabedoria perfeita, a que chamamos a cidadela da felicidade, é através da loucura.
Erasmo, Êloge de la folie.
Resumo: Sócrates, no Fedro, se diz louco por discursos (228b), nos diz também que o vulgo vê o filósofo como louco (parakínon 249d) justamente por não reconhecer que ele está divinamente inspirado. Assim, no Fedro, os maiores bens nos são transmitidos através da loucura (manía), quando são enviados como uma dádiva dos deuses (244a). Contudo, há um tipo de loucura como doença e outro proveniente da liberação divina do comportamento habitualmente aceito (265a). E é esse segundo tipo de loucura que a filosofia promove, uma conexão noética. Há uma quebra de convenções que ocorre por meio do um desvio criativo, que pode ser facilmente confundido com um desvio patológico, mas na realidade é um processo que envolve o conhecimento de si e, por conseguinte, o cuidado de si, portanto uma perspectiva filosófica e terapêutica.
Palavras-chave: Fedro; Mania Divina; Inspiração; Filosofia.
Abstract: Socrates, in Phaedrus, says he is crazy for speeches (228b), and he tells us as well that common folk see the philosopher as a mad person (parakínon 249d), precisely for not recognizing that he is divinely inspired. Thus, in Phaedrus, the greatest goods are transmited to us through madness (mania), when sent as a gift from the gods (244a). However, there is a kind of madness as a disease and another one that comes from divine liberation from usually accepted behavior (265a). It is the second kind of madness that philosophy promotes, a noetic connection. There is a breach in convention that occurs through a creative deviation, which could be easily mistaken for pathological deviation, but rather is a process involving knowledge of oneself and, therefore, selfcare, hence a philosophical and therapeutic perspective.
Keywords: Phaedrus; Divine Mania; Inspiration; Philosophy.
Manie Divine
Résumé: Socrate, dans Phèdre, se dit fou de discours (228b), et il nous dit aussi que les gens ordinaires voient le philosophe comme un fou (parakínon 249d), précisément pour ne pas reconnaître qu'il est divinement inspiré. Donc, dans Phèdre, les plus grands biens nous sont transmis par la folie (manie), lorsque ils sont envoyés comme un cadeau des dieux (244a). Pourtant, il y a une sorte de folie comme une maladie et une autre qui vient de la libération divine du comportement socialement acceptable (265a). C'est le deuxième genre de folie que la philosophie promeut, une connexion noétique. Il y a une rupture de convenance qui se produit par une déviation créative, qui peut être facilement confondue avec une déviation pathologique, mais qui est plutôt un phénomène qui implique la connaissance de soi, et donc le soin de soi, par suite une perspective philosophique et thérapeutique.
Mots-Clés: Phèdre; Manie Divine; Inspiration; Philosophie.
Data de registro: 02/08/2023
Data de aceite: 18/10/2023
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