O sintagma horridus e a vertigem do espaço em O tronco do ipê (1871), de José de Alencar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v40-2024-34

Palavras-chave:

Século XIX, Romantismo, José de Alencar, Gótico, Ovídio

Resumo

Este artigo analisa a espacialidade no romance O tronco do ipê (1871), de José de Alencar, a partir das representações do lago e da árvore, que retomam não apenas as figurações da ficção gótica da segunda metade do século 18, que se irradiaram por todo o Romantismo, mas também a alegoria do Sono e de Narciso presentes nas Metamorfoses de Ovídio. Se no primeiro caso são fundamentais as sugestões de “ambiguidade” (Punter, 1998), “hesitação” (Todorov, 1975) e “irrupção insólita” (Callois, 1966) presentes em autores como Ann Radcliffe, no segundo caso a dimensão da verticalidade irá propiciar a construção de uma imagem que se designa aqui “sintagma horridus”. Trata-se de uma combinação de dois loci horridi – lago e árvore – que se mostrará decisiva tanto para a representação do ethos das personagens quanto do mythos de O tronco do ipê.

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Biografia do Autor

Marcos Flamínio Peres, Universidade de São Paulo

Professor no Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, pós-doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Chicago (EUA).

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Publicado

2024-12-06

Como Citar

PERES, M. F. O sintagma horridus e a vertigem do espaço em O tronco do ipê (1871), de José de Alencar. Letras & Letras, Uberlândia, v. 40, n. único, p. e4034 | p. 1–22, 2024. DOI: 10.14393/LL63-v40-2024-34. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/72540. Acesso em: 12 dez. 2024.