Por uma interpretação dialógica

Valores circulantes em documentos oficiais acerca da atividade de intérpretes de Libras-Português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/LL63-v37n2-2021-10

Palavras-chave:

Interpretação, Tradutor e intérprete de Libras-Português, Diálogo, Discurso, Produção de sentidos

Resumo

Este artigo visa refletir e problematizar os efeitos de sentidos produzidos por meio de trechos de documentos institucionais que versam acerca de valores como neutralidade, fidelidade, imparcialidade etc. no processo de interpretação do Tradutor e Intérprete de Libras-Português (Tilsp). Selecionamos para esta discussão os excertos de dois documentos que atualmente regem a atividade profissional de Tilsp: a Lei Federal nº 12.319/2010 e o Código de Conduta e Ética da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais (Febrapils). Para problematizarmos essa questão, confrontamos dialogicamente os excertos desses documentos com conceitos advindos da Análise Dialógica do Discurso (BRAIT; PISTORI, 2020): discurso, correntes de discursos, autoria e produção de sentidos. Percebemos que os sentidos construídos inferem uma aparente impossibilidade de apagamento da atuação do Tilsp em favor da transparência de sentidos na passagem de uma modalidade linguística para outra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Alberto Matias de Oliveira, Universidade Federal de Alagoas

É mestre em Linguística, na linha de pesquisa Linguística Aplicada, pela Universidade Federal de Alagoas, especialista em Libras e Educação de Surdos pela Faculdade XV de Agosto e possui graduação em Letras - Português pela Universidade Norte do Paraná (2013).Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras e Libras. Pesquisador de questões relacionadas aos processos tradutórios  envolvendo o par linguístico Libras e Língua Portuguesa, Estudos Decoloniais e Questões de Gênero. Tem mais de doze anos de experiência como tradutor e intérprete de Libras/Português. Atualmente é Tradutor e Intérprete de Libras e Língua Portuguesa na Universidade Federal de Alagoas, atuando no curso Letras - Libras e no Programa de Pós Graduação, stricto sensu, em Letras e Linguística - PPGLL, da Faculdade de Letras. E exerce a função de Coordenador do Setor de Tradução e Interpretação de Libras/Língua Portuguesa - UFAL. E-mail: carlos.oliveira@fale.ufal.br

Paulo Rogério Stella, Universidade Federal de Alagoas

Possui graduação em Letras - Lingüística pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001) e doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006). É professor adjunto da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas em Maceió nas áreas de Licenciatura em Inglês e Licenciatura em Letras Libras. Atualmente, coordena o Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística na mesma universidade; vice-coordena o programa de Mestrado Profissional em Letras: Profletras; e co-coordena o Programa Institucional de Iniciação à Docência: Licenciatura em Inglês (PIBID-Inglês/UFAL-FALE/CAPES). É vice-líder do grupo de pesquisa ObservU - Observatório da Linguagem em Uso. Pesquisa na linha de pesquisa de Linguística Aplicada com interesse em formação de professores, ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, letramento, decolonialidade, transculturalidade, identidades, tecnologias e questões relativas à modernidade. E-mail: prstella@gmail.com.

Referências

ALBRES, N. Intérprete Educacional: políticas e práticas em sala de aula inclusiva. São Paulo: Harmonia, 2015.

ALMEIDA, W. G.; SOUZA, J. B. A língua de sinais e o guia-intérprete como mediador na educação da pessoa com surdocegueira. Revista Sinalizar, v. 2, n.1, p. 67-87, jan. / jun., 2017. DOI: https://doi.org/10.5216/rs.v2i1.45783

BAKHTIN, M. Os Gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. Notas da edição russa de Serguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, [1979] 2016.

BAKHTIN, M. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. Organização, tradução, posfácio e notas: Paulo Bezerra. Notas da edição russa: Serguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, [1970-1971] 2019.

BAKHTIN, M. M. Para uma filosofia do ato responsável. Trad. de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos: Pedro & João Editores, [1926] 2010.

BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral II. Campinas: Pontes, 2006.

BRAIT, B.; PISTORI, M. H. C. Marxismo e filosofia da linguagem: a recepção de Bakhtin e o Círculo no Brasil. Bakhtiniana, v. 15, n. 2, p. 33-63, abr.-jun. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/2176-457344560

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 28, 23 dez. 2005.

BRASIL. Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais. Diário Oficial da União, Brasília, 2 set. 2010.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, 7 jul. 2015.

CLAUDIO, J. P. Proficiência em língua brasileira de sinais – PROLIBRAS: representações sobre o uso e ensino da Libras. 2010. 97f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/24160. Acesso em: 22 maio 2020.

COLLING, J. P; BOSCARIOLI, C. Avaliação de tecnologias de tradução português-libras visando ao uso no ensino de crianças surdas. CINTED – Novas Tecnologias na Educação, v. 12, n. 2, dezembro, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1679-1916.53550

CURY, C. R. J. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cadernos de Pesquisa, Campinas, n. 116, p. 245-262, jul. 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742002000200010

DOS SANTOS, W. A atuação de intérpretes de língua de sinais: revisitando os códigos de conduta ética. In: ALBRES, N. de A. (Org.) Libras e sua tradução em pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias. Florianópolis: Biblioteca Universitária da UFSC, 2017.

FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DOS PROFISSIONAIS TRADUTORES E INTÉRPRETES E GUIA-INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS. Código de Conduta e Ética: Fortaleza: Federação, 2014. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B7ZxCOYQ0QJmTUdtZ2xIZHlqQ1U/ view. Acesso em: 18 maio 2020.

LACERDA, P. F. A. C. Tradução e Sociolinguística Variacionista: a língua pode traduzir a sociedade? Tradução e Comunicação: Revista Brasileira de Tradutores, v. 20, p. 127-142, 2010.

LÜCHMANN, L. H. H. Redesenhando as relações sociedade e Estado: o tripé da democracia deliberativa. Revista Katálysis, v. 6, n. 2, p. 165-178, 2003.

MAULINI, O. Travail, travail prescrit, travail réel. In: MAULINI, O. FORDIF-Formation en direction d’institutions de formation, Glossaire. Lausanne: FORDIF, 2010. p. 23.

MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. A produção da imparcialidade: a construção do discurso universal a partir da perspectiva jornalística. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 25, n. 73, p. 59-76, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092010000200004

MORGADO, J. C. Currículo e profissionalidade docente. Coleção currículo, políticas e práticas. Porto: Porto Editora, 2005.

PINTASSILGO, J. O associativismo docente do ensino liceal português durante o período republicano e a sua imprensa: as representações dos professores sobre a profissão e a construção de identidades. Revista lusófona de educação, v. 12, p. 79-96, 2008.

RODRIGUES, C. H. Formação de intérpretes e tradutores de língua de sinais nas universidades federais brasileiras: constatações, desafios e propostas para o desenho curricular. Translatio, n. 15, jun. 2018.

ROSA, A. S. Entre a visibilidade da tradução da Língua de Sinais e a invisibilidade da tarefa do intérprete. Campinas: Arara Azul, 2005.

SCOTT, W. J. A invisibilidade da experiência. Trad. Lúcia Haddad. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, v. 16, p. 297-325, 1998.

SOBRAL, A. Dizer o mesmo a outros: ensaios sobre tradução. São Paulo: Special Book Services Livraria, 2008.

SOBRAL, A. O conceito de ato ético de Bakhtin e a responsabilidade moral do sujeito. BioEthikos, v. 3, p. 121-126, 2009.

STELLA, P. R.; TAVARES, R. R. Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Inglês da Ufal: os letramentos em questão. RBLA, v. 12, n. 4, p. 955-970, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S1984-63982012005000013

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução, notas e glossário: Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.

ZAPPAROLLI, C R. A experiência pacificadora da Mediação. In: MUSZKAT, M. E. (Org.). Mediação de conflitos: pacificando e prevenindo a violência. São Paulo: Summus, 2003.

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

OLIVEIRA, C. A. M. de; STELLA, P. R. Por uma interpretação dialógica: Valores circulantes em documentos oficiais acerca da atividade de intérpretes de Libras-Português . Letras & Letras, Uberlândia, v. 37, n. 2, p. 178–197, 2021. DOI: 10.14393/LL63-v37n2-2021-10. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/letraseletras/article/view/57219. Acesso em: 12 nov. 2024.