Um estudo sobre a construção [por X tempo] à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso
sintaxe e aspecto
DOI:
https://doi.org/10.14393/DL48-v15n4a2021-7Palavras-chave:
Sintaxe e aspecto, Construção [por X tempo], Linguística Funcional Centrada no UsoResumo
Neste trabalho, temos como objetivo descrever as propriedades da forma e da função da construção [por X tempo], um subesquema em que X é um slot preenchido pelos pronomes indefinidos tanto, muito, pouco e algum. Nosso particular interesse por esse objeto está no seu valor aspectual imanente. Mesmo nas ocorrências em que temos um verbo télico, em tempo perfectivo, o emprego de [por X tempo] agrega-lhe uma trajetória cursiva e/ou iterativa, como podemos notar, por exemplo, na contraposição das frases: a) “Ele leu o livro” e “Ele leu o livro por muito tempo”; b) “Sonhei com isso” e “Sonhei com isso por muito tempo”. Para nosso estudo, selecionamos 400 ocorrências do Corpus Now (www.corpusdoportugues.org/now/) e analisamo-las à luz dos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (OLIVEIRA; ROSÁRIO, 2016; CUNHA; BISPO; SILVA, 2013; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013; entre outros), também conhecida sob o rótulo Linguística Cognitivo-Funcional. Os resultados mostram-nos que a cursividade e a iteratividade devem ser interpretadas como categorias gradientes, em que as construções podem assumir valores aspectuais mais ou menos durativos/iterativos, dependentes de fatores de natureza diversa, dentre os quais destacamos: a) a semântica dos pronomes indefinidos que ocupam o slot X; b) as classes acionais dos verbos (que envolvem as noções da telicidade, da duratividade e da estaticidade); c) o contexto linguístico imediato em que o evento ocorre.
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